O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta quinta-feira (5) que o bilionário Elon Musk estaria insatisfeito com seu governo por ter encerrado as políticas de incentivo à eletrificação da indústria automotiva, implementadas durante a gestão de Joe Biden. Segundo Trump, o empresário estaria “irritado” porque o governo republicano “acabou com o mandato do carro elétrico”, em referência às medidas de descarbonização adotadas anteriormente.
A declaração foi feita durante encontro com o chanceler alemão Friedrich Merz, na Casa Branca, em resposta às críticas feitas por Musk ao projeto de lei orçamentária enviado ao Congresso. Na última terça-feira (3), Musk classificou o plano como “repugnante, escandaloso e eleitoreiro”, acusando o Congresso de levar os EUA à falência com um aumento de US$ 2,5 trilhões no déficit.
“Estou muito decepcionado com o Elon”, afirmou Trump. “Ajudei muito o Elon.” O presidente americano também disse que não sabe se a relação entre ambos “voltará a ser como antes”.
Musk respondeu pelas redes sociais afirmando que não foi informado sobre o projeto e criticou o fato de os cortes nos incentivos a veículos elétricos e energia solar terem sido mantidos, enquanto subsídios ao petróleo e gás permaneceram intocados. “É muita ingratidão. Sem mim, Trump teria perdido a eleição, os democratas controlariam a Câmara e os republicanos estariam em 51-49 no Senado”, publicou.
A repercussão da troca de acusações afetou o mercado: as ações da Tesla, que já caíam 3%, recuaram quase 6% após os pronunciamentos. No ano, a desvalorização acumulada já chega a 22%, impulsionada também por protestos de consumidores contrários à aproximação de Musk com pautas da direita.
Musk deixou o comando do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) em 28 de maio, um dia após criticar publicamente o plano fiscal do governo. Dois dias depois, participou de uma cerimônia de despedida na Casa Branca ao lado de Trump. Apesar de elogios públicos, aliados do presidente têm demonstrado desconforto com a instabilidade do bilionário, que passou a ser visto como um “fardo político”.