O Departamento de Defesa dos Estados Unidos confirmou, nesta quarta-feira (21), que aceitará a aeronave Boeing 747-8 oferecida como presente pelo governo do Catar. Segundo o porta-voz da Força Aérea norte-americana, o avião será utilizado como o novo Air Force One, substituindo o atual modelo em operação, um Boeing 747-200B.
De acordo com a Força Aérea, os preparativos para a substituição já estão em andamento. A aeronave foi ofertada à administração Trump pela família real do Catar após a visita do presidente norte-americano à região, onde também esteve com autoridades da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos. A entrega do jato representa um gesto simbólico de aproximação entre os países do Golfo e Washington.
O episódio só se tornou público após reportagens da imprensa norte-americana, que revelaram que o governo dos Estados Unidos estava avaliando aceitar a aeronave, avaliada em aproximadamente US$ 400 milhões (cerca de R$ 2,2 bilhões). O modelo é considerado o maior e mais luxuoso avião particular já fabricado.
Críticos alertam para possíveis implicações legais e diplomáticas. A Constituição dos Estados Unidos restringe a aceitação de presentes de governos estrangeiros por autoridades públicas, a menos que o Congresso autorize. Além disso, analistas temem que o gesto possa influenciar as relações diplomáticas entre os EUA e o Catar, criando precedentes questionáveis para a diplomacia presidencial.
A possibilidade de a aeronave vir a integrar o acervo pessoal do presidente Donald Trump também gerou controvérsia. Segundo a imprensa americana, caso o avião seja classificado como um presente pessoal, Trump poderia levá-lo ao fim de seu mandato, o que alimenta discussões sobre conflitos de interesse.
Durante um encontro com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, na Casa Branca, Trump fez referência à doação. Após uma brincadeira de Ramaphosa — “Sinto muito não ter um avião para te dar de presente” — Trump respondeu: “Queria que você tivesse. Se o seu governo desse um avião de presente para a Força Aérea, eu aceitaria”.
O Boeing 747-8 é o maior modelo da série 747 fabricada pela Boeing. Na configuração comercial, pode acomodar de 400 a 500 passageiros. O modelo Intercontinental, lançado comercialmente em 2012, transporta até 410 passageiros em três classes e possui capacidade para 15% mais carga que seus antecessores. Com alcance máximo de 14.310 km, pode realizar voos intercontinentais sem escalas, como Nova York–Hong Kong ou Londres–Singapura.
Antes de entrar em operação como avião presidencial, a aeronave deverá passar por modificações para incluir escritórios, dormitórios e sistemas de segurança específicos. A fabricante destaca ainda que o 747-8 oferece maior eficiência de combustível e redução de ruído em 30% em relação a modelos semelhantes.