Centro-direita vence eleições em Portugal; ultradireita avança e socialistas recuam

A eleição marca o terceiro pleito em Portugal em menos de três anos, refletindo um cenário político instável no país.


A coligação Aliança Democrática (AD), liderada pelo primeiro-ministro Luís Montenegro, venceu as eleições parlamentares de Portugal neste domingo (18), com 32% dos votos — e 89 deputados. O Partido Socialista (PS) obteve 23,3%, enquanto o partido de ultradireita Chega alcançou 22,5%, ambos conquistando o mesmo número de deputados — 58.

O avanço do Chega, que agora possui 58 assentos, consolidou o partido como a segunda maior bancada no Parlamento, ao lado do PS. “O Chega matou hoje o bipartidarismo em Portugal”, declarou seu líder, André Ventura.

Com 89 deputados, a AD precisará formar alianças para garantir a maioria em um Parlamento de 230 assentos. Luís Montenegro reafirmou que não buscará apoio do Chega para governar, mantendo sua posição de governar sem alianças com a ultradireita. Assim, a AD poderá optar por um governo minoritário ou buscar acordos com legendas menores.

O resultado representou uma derrota para o PS, cujo líder, Pedro Nuno Santos, anunciou sua saída da liderança do partido após o revés nas urnas. Ele também descartou qualquer apoio a um governo da AD.

A eleição marca o terceiro pleito em Portugal em menos de três anos, refletindo um cenário político instável. O país, antes conhecido por sua estabilidade, enfrenta dificuldades em consolidar governos com maioria clara, resultado da fragmentação política impulsionada pela crise financeira de 2008 e anos de austeridade da União Europeia.

A imigração se destacou como tema central na campanha. Dados oficiais mostram que o número de imigrantes legais em Portugal saltou de 500 mil em 2018 para mais de 1,5 milhão em 2025, com muitos brasileiros. Pouco antes das eleições, o governo de Montenegro anunciou a deportação de cerca de 18 mil estrangeiros em situação irregular, medida criticada como tentativa de atrair votos do Chega.

Outro desafio é a crise imobiliária, com preços de imóveis subindo 9% e aluguéis em Lisboa crescendo 7% no último ano, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE). Em um país com salário médio de € 1,2 mil mensais, o custo de vida se tornou uma preocupação central para os portugueses.