O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou ao Itamaraty que reaja de forma firme à ameaça do governo de Donald Trump de impor sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. A ordem foi repassada a diplomatas e ministros, segundo fontes do Palácio do Planalto e da diplomacia brasileira.
A ameaça foi feita na quarta-feira (21) pelo secretário de Estado americano, Marco Rubio, durante audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos EUA. Questionado pelo deputado republicano Cory Mills sobre a possibilidade de sanções contra Moraes, Rubio afirmou que “há uma grande possibilidade de que isso aconteça”.
A orientação de Lula foi transmitida pessoalmente a Moraes por ministros do governo, logo após a fala de Rubio. De acordo com auxiliares presidenciais, o ministro do STF reagiu com tranquilidade, apesar da indignação manifestada por outros membros da Corte. “Moraes é vitalício. Trump não”, comentou um assessor próximo ao presidente. Outro afirmou que “esse negócio de EUA nunca foi a praia dele”.
No Itamaraty, a avaliação é de que a resposta brasileira deve ocorrer por meios diplomáticos, evitando manifestações públicas enquanto não houver ação concreta por parte do governo norte-americano. Nesse cenário, está descartada, por ora, a emissão de nota oficial.
No Supremo Tribunal Federal, a estratégia segue a mesma linha: silêncio institucional. Nem Moraes, nem outros ministros, como, por exemplo, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux, se pronunciaram até o momento.
A única manifestação pública partiu do ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias. Sem citar diretamente Rubio, Messias destacou em rede social que “a boa convivência entre países pressupõe reciprocidade”. Reforçou ainda que a separação de Poderes e a independência do Judiciário são pilares da democracia brasileira.