Diretor da Abin é intimado pela PF por suposta obstrução em caso de espionagem

O ex-diretor-adjunto da Abin, Alessandro Moretti, também foi convocado para depor na mesma data.


A Polícia Federal intimou o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, para prestar depoimento na próxima quinta-feira (17), no âmbito das investigações sobre supostas ações de espionagem irregular conduzidas pela agência. O ex-diretor-adjunto da Abin, Alessandro Moretti, também foi convocado para depor na mesma data.

A investigação tem como foco possíveis tentativas de obstrução de Justiça por parte da atual direção da Abin em apurações ligadas ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), notadamente no caso que ficou conhecido como “Abin paralela”. Em depoimento à PF, um servidor da agência relatou que a direção solicitou o mapeamento dos computadores nos quais o software espião FirstMile havia sido utilizado durante a gestão anterior. Segundo o servidor, foram identificadas cerca de 15 máquinas, mas apenas cinco teriam sido encaminhadas à Polícia Federal, por decisão da cúpula da Abin.

Outro ponto sob apuração é a ordem para formatação de computadores funcionais, emitida em abril de 2023. A PF quer saber se houve destruição de provas. Corrêa e Moretti negam qualquer irregularidade e afirmam colaborar com as autoridades. Em nota, a Abin declarou que o diretor-geral está à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários, inclusive destacando que os fatos investigados têm origem na gestão anterior.

A desconfiança sobre a atual administração da Abin levou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, a rejeitar o compartilhamento da investigação com a corregedoria da própria agência. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, considerou o compartilhamento “não recomendável”, citando uma “aparente resistência” interna.

A PF também apura o vazamento de informações após a divulgação de uma reportagem que relatou uma suposta espionagem da Abin contra o governo do Paraguai.