Filha de bolsonarista morto na prisão pelo 8/1 pede ajuda à CIDH e afirma que o pai foi torturado

Clezão tornou-se um símbolo para bolsonaristas que denunciam “perseguição judicial” contra os envolvidos no ataque aos Três Poderes.


Durante um encontro em Brasília na terça-feira (11), Luiza Cunha, filha de Clériston Pereira da Cunha, conhecido como Clezão, pediu apoio ao relator da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) para liberdade de expressão, Pedro Vaca Villarreal.

Clezão, preso pelos ataques de 8 de janeiro de 2023, morreu na cadeia da Papuda, em novembro do mesmo ano. Segundo sua filha, ele teria sido torturado antes de morrer.

“Meu pai foi morto injustamente e torturado na cadeia. Meu pai não é criminoso. Meu pai é um homem íntegro, bondoso e exemplo de brasileiro”, declarou Luiza, falando em espanhol.

A filha afirmou que sua família continua sofrendo com a perda.

“Estamos [sendo] torturados até hoje. Não é fácil viver isso no Brasil. Por favor, nos ajude”, apelou ao advogado colombiano.

Clériston Pereira da Cunha, o “Clezão”

Clezão tornou-se um símbolo para bolsonaristas que denunciam “perseguição judicial” contra os envolvidos no ataque aos Três Poderes.

Villarreal está no Brasil nesta semana e se encontrou com parlamentares de direita. Na segunda-feira (10), teve reuniões com o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, e com o ministro Alexandre de Moraes, relator das investigações sobre os ataques.

A MORTE DE CLEZÃO

Clériston Pereira da Cunha, conhecido como Clezão, faleceu em 20 de novembro de 2023, aos 46 anos, enquanto cumpria prisão preventiva no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Ele sofreu um mal súbito durante o banho de sol e, apesar dos esforços das equipes de emergência, não resistiu.

Clezão possuía condições de saúde preexistentes, incluindo diabetes e hipertensão, para as quais fazia uso de medicação controlada. Sua defesa havia solicitado liberdade provisória com base em seu estado de saúde, destacando os riscos associados à falta de cuidados médicos adequados no sistema prisional. Em agosto de 2023, a Procuradoria-Geral da República emitiu um parecer favorável à sua soltura mediante medidas cautelares, devido às comorbidades apresentadas. No entanto, o ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo caso no Supremo Tribunal Federal, não analisou o pedido antes do falecimento de Clezão.