O ex-ministro da Justiça Anderson Torres afirmou nesta terça-feira (10), em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que não se recordava de ter recebido ou tratado da chamada “minuta do golpe”, documento que previa decretar estado de defesa e prender autoridades para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Torres declarou que ficou surpreso ao saber da apreensão do documento pela Polícia Federal em sua residência. “Na verdade, ministro, não é ‘minuta do golpe’, eu brinco que é a ‘minuta do Google’. Eu levava duas pastas para casa, uma com a agenda do dia seguinte e outra com documentos gerais”, explicou.
Segundo ele, o texto não foi discutido com ninguém e sequer era de sua autoria. “Era um documento mal escrito, com erros de português e até o nome do tribunal estava grafado de forma errada. Nunca tratei disso, não sei quem fez, nem por que foi parar na minha casa. Isso deveria ter sido destruído há muito tempo”, disse.
A Procuradoria-Geral da República (PGR), no entanto, afirma que Torres, durante o governo Bolsonaro, colaborou para “disseminar desinformação sobre o sistema eleitoral”, como na live de julho de 2021. Também teria articulado ações da Polícia Rodoviária Federal para dificultar o acesso de eleitores do Nordeste às urnas.
Além disso, a PGR aponta que Torres elaborou documentos com objetivo de viabilizar um suposto golpe de Estado e se omitiu, já como secretário de Segurança do Distrito Federal, durante os atos de 8 de janeiro.
Ele é um dos réus do inquérito e responde por cinco crimes: abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.