A startup Commonwealth Fusion Systems (CFS) anunciou planos para construir, na Virgínia (EUA), a primeira usina de fusão nuclear em escala de rede elétrica do mundo. A instalação, prevista para operar até o início da década de 2030, será erguida próximo à cidade de Richmond e terá capacidade de gerar 400 megawatts — o suficiente para abastecer aproximadamente 150 mil residências. O anúncio foi feito na terça-feira (27).
O projeto marca um novo capítulo na busca global por fontes de energia limpas, abundantes e sustentáveis. A fusão nuclear, processo que alimenta o Sol e outras estrelas, consiste na união de átomos de hidrogênio para liberar grandes quantidades de energia, sem os resíduos de longo prazo associados à fissão nuclear. Ao contrário dos combustíveis fósseis, ela não emite gases do efeito estufa nem gera poluição.
Segundo Bob Mumgaard, CEO da CFS, “isso marcará a primeira vez que a energia de fusão estará disponível no mundo em escala de rede”. O governador da Virgínia, Glenn Youngkin, classificou o anúncio como “um momento histórico para a Virgínia e para o mundo”.
A empresa, que se originou no MIT em 2018, já arrecadou mais de US$ 2 bilhões e está focada na construção de um tokamak — reator em formato de anel — capaz de produzir plasma até 2026 e atingir energia líquida de fusão em seguida. A proposta é que o reator gere mais energia do que consome.
Apesar do otimismo, especialistas alertam para os desafios. Jerry Navratil, professor da Universidade de Columbia, destaca que há uma grande diferença entre gerar energia em laboratório e criar um sistema prático, licenciado e seguro conectado à rede.
A usina será instalada no James River Industrial Center, em área cedida pela Dominion Energy, que também oferecerá apoio técnico. O local foi escolhido por seu potencial de conexão à rede, mão de obra qualificada e compromisso com energia limpa.
A CFS pretende que essa seja a primeira de milhares de usinas comerciais de fusão.