Donald Trump decidiu que Elon Musk deixará seu papel atual dentro do governo nas próximas semanas. O presidente dos Estados Unidos compartilhou a decisão com membros de seu círculo íntimo e de seu gabinete, indicando que o bilionário, até então um aliado próximo e parceiro de sua administração, assumirá um papel de apoio em breve.
Embora Trump continue satisfeito com Musk e sua atuação no Departamento de Eficiência Governamental, a mudança foi acordada nos últimos dias. Três fontes internas do governo à mídia americana, que falaram sob condição de anonimato, descreveram a transição como uma decisão mútua.
A saída iminente de Musk ocorre em meio a crescentes frustrações dentro do governo e entre aliados externos. Sua postura imprevisível tornou-se uma preocupação política, especialmente após a derrota de um juiz conservador apoiado por Musk na eleição para a Suprema Corte de Wisconsin, onde perdeu por dez pontos de diferença.
A mudança na relação entre Trump e Musk contrasta com previsões feitas no mês passado por assessores da Casa Branca, que afirmavam que Musk “estava aqui para ficar”. No entanto, um alto funcionário do governo assegurou que Musk manterá um papel informal como conselheiro e permanecerá presente nos arredores da Casa Branca. Outra fonte alertou que aqueles que acreditam que Musk desaparecerá completamente do círculo de Trump estão “se enganando”.
A transição deve ocorrer com o fim do status de Musk como “funcionário especial do governo”, um título que o isenta temporariamente de algumas normas éticas e de conflito de interesses. Esse período, com duração de 130 dias, deve expirar entre o final de maio e o início de junho.
Aliados de Musk dentro do governo veem a mudança como o momento adequado para a transição, acreditando que ele já implementou cortes substanciais nos gastos públicos. No entanto, críticos apontam que sua comunicação errática tem gerado turbulências dentro do gabinete, especialmente com a chefe de gabinete Susie Wiles. Suas declarações inesperadas no X, sua plataforma de mídia social, muitas vezes pegaram secretários de surpresa, incluindo a divulgação de planos não verificados para eliminar agências federais.
A influência política de Musk também se tornou um problema estratégico para os republicanos. Sua decisão de investir cerca de US$ 20 milhões na eleição de Wisconsin foi amplamente explorada pelos democratas, que usaram sua figura polarizadora como alvo de críticas.
Trump, por sua vez, já vinha preparando o terreno para a saída de Musk antes mesmo da eleição. Em uma reunião do gabinete no dia 24 de março, o presidente dos EUA mencionou a transição iminente do empresário. Embora a fonte que relatou essa informação não estivesse presente, ela foi informada sobre os comentários.
Logo após essa reunião, Trump convidou repórteres para um evento onde elogiou Musk, que estava presente usando um boné vermelho MAGA. Membros do gabinete, que haviam confrontado Musk semanas antes sobre seus cortes agressivos nos departamentos governamentais, aplaudiram sua campanha de redução da burocracia.
“Elon, quero agradecer a você – sei que passou por muita coisa”, afirmou Trump, mencionando ameaças de morte e ataques a veículos da Tesla. Em seguida, chamou o empresário de “patriota” e “amigo meu”.
Musk também sinalizou publicamente sua saída. Questionado pelo jornalista Bret Baier, da Fox News, sobre seu futuro no governo, ele afirmou que “a maior parte do trabalho necessário para reduzir o déficit em US$ 1 trilhão” será concluída dentro do prazo estipulado.
Na segunda-feira à noite, Trump disse a repórteres que “em algum momento Elon vai querer voltar para sua empresa” e completou: “Eu o manteria enquanto pudesse”.
O porta-voz da Casa Branca, Harrison Fields, reforçou o reconhecimento ao empresário. “Elon tem sido fundamental na execução da agenda do Presidente e continuará esse bom trabalho até que Trump diga o contrário.”
Nos bastidores, no entanto, há um crescente alívio entre aliados do presidente. A saída de Musk pode encerrar uma sequência de controvérsias, que incluíram e-mails enviados no fim de semana exigindo que funcionários federais relatassem sua produção e cortes acidentais em programas de prevenção ao ebola.
A presença de Musk também se tornou um catalisador para a oposição democrata, que tem explorado sua figura como símbolo da gestão republicana. Em uma reunião recente do gabinete, ele usou um boné vermelho com os números “45” e “47” – uma referência aos mandatos de Trump – além da frase: “Trump estava certo sobre tudo”.
As informações são do site POLITICO.