Conservadores vencem na Alemanha, Merz avança à chancelaria, mas AfD cresce e gera incertezas

Sem maioria absoluta, os conservadores precisarão de aliados para formar uma coalizão em um cenário político fragmentado.


Os conservadores da oposição venceram a eleição nacional alemã, colocando Friedrich Merz no caminho para ser o próximo chanceler. O partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) ficou em segundo, obtendo seu melhor resultado até agora, segundo projeções divulgadas pela emissora ZDF.

Após uma campanha marcada por ataques violentos e intervenções dos EUA, o bloco conservador CDU/CSU recebeu 28,5% dos votos, seguido pela AfD com 20,8%, segundo a emissora pública ZDF.

Merz, de 69 anos, nunca ocupou cargos no governo, mas prometeu maior liderança que Olaf Scholz, reforçando alianças e recolocando a Alemanha no centro da Europa. Liberal impetuoso, levou os conservadores para a direita, contrastando com Angela Merkel, que liderou por 16 anos.

Sem maioria absoluta, os conservadores precisarão de aliados para formar uma coalizão em um cenário político fragmentado. Negociações serão difíceis após uma campanha que expôs divisões tanto sobre migração quanto sobre a postura frente à AfD, partido que enfrenta forte estigma na Alemanha devido ao passado nazista.

O líder da CDU/CSU e provavelmente o próximo chanceler alemão, Friedrich Merz, comemorou “uma noite eleitoral histórica” ao reivindicar a vitória. Ele reconheceu a responsabilidade da tarefa e destacou os desafios em áreas como economia, migração, política externa e segurança.

Merz afirmou estar confiante na criação de “um governo capaz de agir no interesse da Alemanha”, destacando que “o mundo lá fora não está esperando por nós e por longas negociações”.

O chanceler cessante do SPD, Olaf Scholz, reconheceu a derrota e classificou o resultado como “amargo”, agradecendo aos membros do partido pelo engajamento na campanha. Ele parabenizou a CDU/CSU e Merz, reconhecendo sua tarefa de formar o próximo governo. Scholz também criticou a AfD, reforçando que a extrema-direita é algo que “nunca devemos aceitar”.

O secretário-geral do SPD, Matthias Miersch, descreveu o resultado, o pior do partido em uma eleição federal, como uma “derrota histórica”.

O SPD teve seu pior desempenho desde a Segunda Guerra Mundial, alcançando 16,4% dos votos. Os Verdes ficaram com 11,6%, enquanto a extrema-esquerda Die Linke obteve 8,7%.

O partido pró-mercado Democratas Livres (FDP) e o recém-chegado Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) ficaram em torno do limite de 5% para entrar no parlamento alemão.

Todos os principais partidos descartaram trabalhar com a AfD. Isso pode manter Scholz como interino por meses, atrasando políticas essenciais para a economia alemã, que enfrenta dois anos consecutivos de contração e desafios globais.

Além disso, um vácuo de liderança na Europa surge em meio às ameaças de Donald Trump de uma guerra comercial e à tentativa dos EUA de acelerar um cessar-fogo na Ucrânia sem envolvimento europeu.

A Alemanha, com economia voltada à exportação e dependente dos EUA para segurança, está vulnerável. O pessimismo sobre o padrão de vida é o pior desde 2008, enquanto a postura contra a imigração endureceu desde a crise de 2015.

A eleição ocorreu após o colapso da coalizão de Scholz, formada por Sociais-Democratas, Verdes e Democratas Livres, que ruiu em novembro após disputa sobre gastos.

O debate eleitoral foi dominado pela percepção de que a imigração irregular está fora de controle, amplificada por ataques violentos atribuídos a migrantes.

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