Bebidas alcoólicas, como cerveja e vinho, devem trazer avisos sobre o risco de câncer, afirmou o cirurgião-geral dos Estados Unidos, Vivek Murthy, a principal autoridade pública de saúde do país. Ele destacou a falta de conscientização sobre os danos à saúde causados por esses produtos populares.
“Estudos têm mostrado, nas últimas décadas, a relação entre o consumo de álcool e o câncer, mas menos da metade dos norte-americanos reconhece esse risco”, afirmou Murthy, em um comunicado na última sexta-feira (27). O álcool é responsável por cerca de 100.000 casos de câncer e 20.000 mortes anuais nos EUA, número superior às 13.500 mortes relacionadas ao álcool no trânsito.
O cirurgião-geral sugeriu que um aviso sobre o câncer ajudaria a alertar sobre os riscos de um produto consumido por mais de 70% dos adultos americanos. As vendas de bebidas alcoólicas nos EUA totalizaram cerca de 260 bilhões de dólares em 2022. A reação do mercado foi imediata, com quedas nas ações de fabricantes de bebidas como Anheuser-Busch InBev e Molson Coors.
Desde a década de 1980, o álcool tem sido associado a diversos tipos de câncer, incluindo os de mama, garganta, fígado e cólon. A Associação Médica Americana também reforçou a importância do aviso, afirmando que “qualquer nível de consumo de álcool é um fator de risco para o câncer.”
Embora o problema seja global, com cerca de 741.300 casos de câncer atribuídos ao álcool em 2020, apenas 45% dos americanos estão cientes desse risco. Outros países, como a Irlanda, irão exigir avisos a partir de 2026.
Em 2020, grupos de defesa do consumidor solicitaram ao Departamento do Tesouro dos EUA a atualização dos rótulos, atualmente alertando apenas sobre problemas de saúde e consumo por grávidas. A discussão sobre a medida segue em andamento, com alguns analistas sugerindo que os impactos no mercado podem ser menores do que o previsto.