Oito soldados russos foram mortos por tropas norte-coreanas em um incidente de “fogo amigo” ocorrido na região de Kursk, na Rússia. A informação foi divulgada pela Inteligência de Defesa da Ucrânia, que atribuiu o erro à barreira linguística entre as forças russas e norte-coreanas.
As forças norte-coreanas abriram fogo contra veículos militares russos, embora o momento exato do incidente não tenha sido revelado. Segundo a Inteligência ucraniana, as diferenças de idioma continuam sendo um “obstáculo difícil” para as operações conjuntas entre os dois países.
A Coreia do Norte enviou milhares de soldados para apoiar a Rússia na guerra contra a Ucrânia. Estima-se que cerca de 15.000 norte-coreanos estejam em território russo, com rotações a cada dois ou três meses, segundo o embaixador ucraniano na Coreia do Sul, Dmytro Ponomarenko. Autoridades acreditam que o número total pode chegar a 100.000 soldados em um ano.
Especialistas alertaram para os problemas logísticos causados pela falta de comunicação. Joseph S. Bermudez Jr., especialista em defesa da Coreia do Norte, afirmou que “operar com uma força aliada que não fala sua língua apresenta problemas reais”.
Interceptações de áudio revelaram que os soldados norte-coreanos, posicionados em Kursk, enfrentam desafios desde o início da parceria. Um soldado russo relatou que havia apenas um intérprete para cada 30 soldados, complicando ainda mais a coordenação no campo de batalha.
Os soldados mortos no incidente pertenciam ao batalhão Ahmat, controlado por Ramzan Kadyrov, líder checheno e aliado de Vladimir Putin. Conhecidos como “kadyrovitas”, esses combatentes estão na linha de frente em Kursk desde agosto.
A Ucrânia iniciou uma ofensiva surpresa na região em agosto, tomando cerca de 1.270 quilômetros quadrados. Desde então, a Rússia conseguiu recuperar cerca de 40% do território, segundo uma fonte militar ucraniana.
Ainda em novembro, soldados norte-coreanos destacados para unidades russas já enfrentavam bombardeios ucranianos. A parceria militar entre Rússia e Coreia do Norte, apesar dos laços históricos, continua marcada por dificuldades operacionais e logísticas.