A visita surpresa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à galeria de chefes de Estado no Palácio do Planalto, na quinta-feira (9), gerou novo mal-estar com o MDB, partido que ocupa três ministérios no governo. Ao se deparar com os retratos de seus antecessores, Lula não perdeu a oportunidade de comentar sobre o impeachment de Dilma Rousseff (PT), que resultou na ascensão de Michel Temer (MDB) ao cargo, em 2016.
“A Dilma foi eleita, foi reeleita e depois sofreu um impeachment por um golpe. Depois esse aqui [Temer] não foi eleito, tomou posse em função do impeachment”, afirmou Lula. O presidente ainda defendeu que a “história real” fosse contada na galeria do Palácio, criando um novo embate com o MDB.
Para a cúpula do MDB, a fala de Lula foi uma tentativa de “diversionismo”, com o presidente buscando desviar o foco de uma polêmica frase que ele disse no dia anterior, durante o ato de dois anos dos ataques à Praça dos Três Poderes. Na ocasião, Lula havia afirmado que “frequentemente as pessoas são mais apaixonadas pelas amantes do que pelas mulheres.”
O MDB, partido tradicionalmente dividido, conta com uma ala lulista e outra que se aproxima da direita, inclinando-se para o campo bolsonarista. A declaração de Lula, ao relembrar o impeachment de Dilma, reacendeu a tensão entre essas duas correntes dentro de uma das legendas mais importantes e influentes do país.