A Ucrânia solicitou ao Brasil que utilize sua “voz competente” para assegurar a presença do presidente russo, Vladimir Putin, em um encontro com o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, agendado para esta semana em Istambul, na Turquia. O pedido foi feito após o Kremlin não confirmar a participação de Putin na reunião.
No último fim de semana, a Rússia propôs um diálogo direto com a Ucrânia para encerrar o conflito, que já ultrapassa três anos. Zelensky aceitou a proposta e indicou que a conversa ocorrerá na quinta-feira (15). No entanto, diante da incerteza quanto à presença de Putin, Kiev recorreu ao governo brasileiro.
O ministro das Relações Exteriores ucraniano, Andrii Sybiha, comunicou que solicitou ao chanceler brasileiro, Mauro Vieira, que intervenha junto ao governo russo. Sybiha afirmou ter conversado por telefone com Vieira nesta terça-feira (13), reforçando a disposição de Zelensky para o encontro e pedindo que o Brasil use sua influência diplomática.
O Itamaraty confirmou o contato e destacou que o chanceler brasileiro reiterou o compromisso do Brasil com uma solução negociada para o conflito. Desde o início da guerra, o governo brasileiro tem defendido o diálogo direto entre as partes envolvidas.
O presidente Lula visitou Moscou recentemente, onde se encontrou com Putin. Fontes do governo brasileiro indicam que Lula sugeriu ao líder russo a adoção de um cessar-fogo estendido na Ucrânia. Desde 2023, Lula tem se posicionado como um possível mediador entre os dois países, embora seu papel tenha sido enfraquecido após atritos públicos com Zelensky.
O presidente ucraniano chegou a afirmar que o Brasil não é mais um “player” nas negociações de paz e criticou a postura de Lula. As tensões se intensificaram quando Lula se recusou a encontrar Zelensky em Brasília, durante uma passagem do líder ucraniano pelo país.
A iniciativa russa de retomar o diálogo direto surge em meio a pressões internacionais, com líderes europeus ameaçando novas sanções caso não haja uma trégua de 30 dias. Zelensky considerou o gesto de Putin um “sinal positivo”, mas condicionou o encontro à presença pessoal do presidente russo.
Se confirmado, o encontro em Istambul será o primeiro entre Putin e Zelensky desde o início da guerra em fevereiro de 2022.