O ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, faleceu nesta segunda-feira (12), aos 89 anos. O anúncio foi confirmado pelo presidente do país, Yamandú Orsi.
A causa da morte não foi divulgada até o momento. Em abril de 2024, Mujica revelou, em coletiva de imprensa, ter sido diagnosticado com um tumor no esôfago durante um check-up médico. O ex-presidente também enfrentava uma doença autoimune que comprometia o funcionamento de seus rins.
O atual presidente uruguaio, Yamandú Orsi, afilhado político de Mujica, já havia informado, em entrevista ao jornal argentino Tiempo, no domingo (11), que o ex-mandatário atravessava uma fase crítica de saúde.
“Estamos tentando protegê-lo e impedi-lo de fazer coisas que possam prejudicá-lo. Algumas das ações recentes parecem tê-lo afetado”, declarou Orsi na ocasião.
José Mujica, uma das figuras mais emblemáticas da política latino-americana, foi presidente do Uruguai entre 2010 e 2015, destacando-se por seu estilo de vida austero e seu compromisso com políticas sociais. Após deixar o cargo, permaneceu ativo na política e se tornou uma referência ética e moral para muitos.
TRAJETÓRIA
José Alberto Mujica Cordano nasceu em Montevidéu, em 20 de maio de 1935. Nos anos 1960, ingressou no Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros, uma organização de guerrilha que ganhou notoriedade no Uruguai. Antes do início da ditadura militar em 1973, o grupo se destacou por realizar assaltos a bancos, cujos recursos eram parcialmente destinados à distribuição de alimentos e dinheiro entre os mais necessitados.
Mujica participou ativamente da luta armada, período em que foi ferido quatro vezes em confrontos com as forças de segurança. Seu envolvimento o levou à prisão, de onde conseguiu escapar em duas ocasiões, até ser recapturado definitivamente em 1972. Durante o regime militar, foi mantido em condições extremas, incluindo longos períodos em solitária, e sofreu torturas.
Classificado como um dos presos “sequestrados” pelo governo militar, sua vida esteve em risco constante, pois seria executado sumariamente caso os Tupamaros voltassem às atividades de guerrilha. Ao todo, Mujica passou 14 anos na prisão.
Com o fim da ditadura e a promulgação de uma anistia em 1985, Mujica foi libertado. Abandonando a luta armada, migrou para a política institucional. Foi um dos fundadores do Movimento de Participação Popular (MPP), partido de orientação de esquerda.
Sua trajetória política ganhou impulso com sua eleição como deputado em 1994. Em 1999, foi eleito senador, e em 2005, com a posse do presidente Tabaré Vázquez (1940–2020), assumiu o cargo de ministro da Agricultura, consolidando-se como uma figura influente na política uruguaia.
