Em Moscou, Lula culpa Bolsonaro por fraudes no INSS

Ao ser questionado sobre o caso, Lula fez referência direta ao governo anterior.


Em entrevista concedida neste sábado (10) em Moscou, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Polícia Federal desmontaram uma quadrilha que atuava no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) desde 2019. Segundo Lula, o esquema foi identificado graças ao trabalho de inteligência das autoridades.

“Graças a Deus, a CGU e a nossa Polícia Federal, no processo de investigação, com muita inteligência, sem nenhum alarde, conseguiram desmontar uma quadrilha que estava montada desde 2019”, declarou o presidente, que destacou a importância da discrição na operação.

Ao ser questionado sobre o caso, Lula fez referência direta ao governo anterior. “Vocês sabem quem governava o Brasil em 2019. Vocês sabem quem era ministro da Previdência em 2019. Vocês sabem quem era chefe da Casa Civil em 2019”, disse. Naquele ano, Jair Bolsonaro era presidente, e Onyx Lorenzoni ocupava o cargo de ministro da Casa Civil.

Lula afirmou que a fraude não afetou os cofres públicos, mas prejudicou diretamente os aposentados. “Não foi dinheiro dos cofres públicos [que foi desviado], foi dinheiro do salário dos aposentados. Eles não foram no cofre do INSS, foram no bolso do povo. É isso que nos deixa mais revoltados.”

O petista prometeu que os bens das entidades envolvidas serão congelados para garantir o ressarcimento dos aposentados lesados. No entanto, o governo enfrenta críticas internas. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, questionou a atuação do chefe da CGU, Vinícius de Carvalho, enquanto a própria Casa Civil teria ignorado um processo de improbidade administrativa contra André Fidelis, ex-diretor de Benefícios do INSS e investigado no caso.

De acordo com o governo, a maioria das entidades envolvidas no esquema foi criada e firmou convênios com o INSS na gestão Bolsonaro, e os descontos irregulares se intensificaram após 2022 — durante o atual governo de Lula.

Em Moscou, onde participou da celebração dos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, Lula reforçou o compromisso de compensar as vítimas. “O que eu posso dizer para vocês escreverem para o povo brasileiro é que as vítimas não serão prejudicadas”, afirmou.

Após a entrevista, o presidente embarcou para Pequim, onde será recebido por Xi Jinping em visita oficial de dois dias.