O Papa Francisco será o primeiro pontífice em mais de um século a ser sepultado fora do Vaticano, marcando uma significativa ruptura com a tradição e reafirmando seu vínculo pessoal com a Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma. Embora os papas costumem ser enterrados nas grutas sob a Basílica de São Pedro, o local de descanso final de Francisco será a histórica igreja mariana situada do outro lado do Rio Tibre.
A decisão foi tornada pública pelo próprio pontífice em dezembro de 2023, quando explicou sentir uma “conexão muito forte” com a Basílica de Santa Maria Maggiore, que visitava com frequência aos domingos para prestar homenagem à Virgem Maria. “Quero ser enterrado em Santa Maria Maggiore”, declarou. “Porque é minha grande devoção.”
Santa Maria Maggiore abriga a imagem mariana Salus Populi Romani, considerada a representação favorita de Nossa Senhora pelo Papa Francisco. Segundo a analista vaticanista Katie McGrady, o pontífice visitava a imagem antes e depois de cada viagem apostólica. Ainda segundo ela, essa foi a única localidade que Francisco visitou fora do Vaticano após sua última internação, além de uma prisão em Roma, em gesto de solidariedade aos detentos.
Embora sete papas estejam sepultados em Santa Maria Maggiore, Francisco será o primeiro desde Leão XIII — falecido em 1903 — a não ser enterrado na Basílica de São Pedro.
Francisco, o primeiro papa não europeu em quase 1.300 anos, faleceu nesta segunda-feira (21), aos 88 anos. O Vaticano anunciou que ele permaneceu ativo até seus últimos momentos, participando das celebrações pascais e realizando uma aparição pública marcante. Seu último compromisso oficial foi um breve encontro com o vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, no domingo, 20 de abril.