Órgãos de porcos geneticamente modificados dão esperança a pacientes em fila de transplante nos EUA

Mais de 100 mil pessoas esperam por transplantes nos EUA. Orgãos de porcos geneticamente modificados emergem como alternativa, mas ainda necessitam de mais estudos e melhorias.


Atualmente, mais de 100 mil pessoas aguardam por um transplante de órgão nos EUA, segundo a ‘Health Resources & Services Administration’ (HRSA). A cada 8 minutos, alguém entra na fila, mas há poucos órgãos disponíveis, e 17 pessoas morrem diariamente na espera.

Diante disso, o Dr. Robert Montgomery, do ‘NYU Langone Transplant Institute’, tem buscado alternativas. Além de ser cirurgião, ele é receptor de um transplante de coração. “Mesmo após sete paradas cardíacas, eu não estava doente o suficiente para receber um órgão. Foi aí que percebi a necessidade de outra fonte, além de órgãos humanos”, explicou à emissora americana ABC News.

Uma possível solução são os órgãos de porcos geneticamente modificados. Em 2022, David Bennett Sr. viveu 60 dias com um coração de porco, sendo o primeiro humano a passar por esse tipo de transplante. Apesar das limitações iniciais, o procedimento evolui.

Os porcos usados nesses transplantes são criados em fazendas de pesquisa, como a gerida pela Revivicor, que modifica geneticamente os animais para reduzir rejeições. “Removemos quatro genes de porco e adicionamos seis humanos”, explicou o Dr. David Ayares, diretor da empresa.

Ainda em fase experimental, o FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA) permite casos pontuais sob protocolos rigorosos. O próximo passo é a realização de testes clínicos em humanos para ampliar o uso do xenotransplante. Xenotransplante é o processo de transplante de células, tecidos ou órgãos de uma espécie para outra.

Em novembro, Towana Looney recebeu um rim de porco. Após doar um rim para sua mãe, ela desenvolveu insuficiência renal e não encontrou doador compatível. O Dr. Montgomery realizou a cirurgia de seis horas. “Senti o sangue fluindo como nunca antes”, relatou Looney, que agora vive sem diálise e com energia renovada.

Apesar das promessas, especialistas como o bioeticista Dr. Insoo Hyun destacam que esses órgãos ainda não superam os humanos em qualidade, exigindo mais estudos. “Não é a solução mágica, mas avançaremos muito na próxima década”, concluiu Ayares.


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