Bolsas da China têm maior queda desde 1997 em meio à escalada da guerra comercial

O índice Hang Seng recuou 13,2%, marcando sua pior queda diária desde a crise de 1997, com destaque para perdas expressivas nos setores de tecnologia, energia solar, bancos e varejo online.


As ações em Hong Kong sofreram uma queda histórica nesta segunda-feira (7), após a China responder às tarifas dos Estados Unidos com novas medidas comerciais, aprofundando o clima de incerteza nos mercados e intensificando os temores de uma guerra comercial prolongada. O índice Hang Seng recuou 13,2%, marcando sua pior queda diária desde a crise de 1997, com destaque para perdas expressivas nos setores de tecnologia, energia solar, bancos e varejo online.

O impacto também foi sentido na China continental, onde o índice CSI300 caiu 7% e o CSI1000 caía 11,39%. Em resposta à turbulência, a Central Huijin, braço do fundo soberano chinês, anunciou ter aumentado suas participações em ações locais para sustentar a estabilidade do mercado. O movimento fez disparar o volume de negociação de ETFs atrelados ao CSI300.

O yuan atingiu seu menor valor desde janeiro, enquanto os títulos do governo se valorizaram. A recente imposição de tarifas dos EUA sobre mais de 50% das importações chinesas motivou Pequim a retaliar na mesma proporção, o que amplia as preocupações quanto à desaceleração do comércio global e à fragilidade do crescimento econômico da China.

“O impacto desse choque será considerável”, afirmou Tao Wang, economista-chefe do UBS para a China. Segundo ele, mesmo antes da escalada, o cumprimento das metas de crescimento já se mostrava desafiador.

O índice de tecnologia Hang Seng sofreu queda de 17%, a pior desde o início da série histórica, acumulando retração de 27% em apenas um mês. Empresas de energia solar, eletrodomésticos, petróleo, veículos elétricos e computação em nuvem também registraram perdas próximas a 10%.

Papéis do HSBC e Standard Chartered desvalorizaram-se 15% e 16%, respectivamente. Sem sinais de recuo por parte da Casa Branca, analistas apostam que Pequim deverá intensificar medidas de estímulo ao consumo interno.

“Esperamos mais ações voltadas à demanda doméstica”, afirmou Steven Luk, CEO da FountainCap Research. “A liquidação abre espaço para investimentos em empresas com maior exposição ao mercado interno.”