EUA posicionam seis bombardeiros B-2 Spirit em Diego Garcia para possível ataque ao Irã

Considerando que a Força Aérea dos EUA possui 20 bombardeiros stealth, isso significa que entre 20% e 35% da frota total foi deslocada para o Oceano Índico.


Na semana passada, uma significativa mobilização de bombardeiros B-2 Spirit e outras aeronaves de apoio foi realizada para Diego Garcia, no Oceano Índico, fato inicialmente reportado pelo The São Paulo News. Esta movimentação sem precedentes ocorre em meio ao aumento das ameaças dos Estados Unidos ao regime de Teerã, bem como à intensificação dos ataques contra os rebeldes Houthi no Iêmen, apoiados pelo governo iraniano.

De acordo com um relatório recente do The Telegraph, autoridades iranianas estariam considerando a possibilidade de ataques preventivos em Diego Garcia ou, ao menos, uma demonstração de força na região. A implantação dos bombardeiros furtivos reforça o debate sobre a necessidade de investimentos adicionais em infraestrutura militar fortificada para aeronaves dos EUA, dado o crescente risco de ataques aéreos.

Uma imagem de satélite da Planet Labs, obtida pelo The São Paulo News, revela a presença de seis bombardeiros B-2 em Diego Garcia, além de outras seis aeronaves de grande porte, possivelmente aviões-tanque e aviões de carga.

Outra imagem, datada de 29 de março, mostra quatro bombardeiros B-2 e seis aviões-tanque KC-135, além de três dos quatro abrigos específicos para B-2 abertos. Contêineres que podem estar relacionados a centros de operações móveis também são visíveis. Não está claro se há mais bombardeiros dentro dos abrigos, que, embora climatizados, não são reforçados.

Imagens adicionais que circulam online mostram até seis unidades do modelo Spirit no pátio, acompanhados por outras aeronaves de apoio. Há informações não confirmadas de que sete unidades do modelo Spirit possam estar atualmente na base. Considerando que a Força Aérea dos EUA possui 20 bombardeiros stealth, isso significa que entre 20% e 35% da frota total foi deslocada para o Oceano Índico. Como parte da frota B-2 está frequentemente em manutenção, a porcentagem de aeronaves disponíveis para missões operacionais é ainda maior.

Até o dia anterior, um bombardeiro B-2 adicional ainda estava na Base Aérea de Hickam, no Havaí, após ter sido desviado para lá em 24 de março, por razões desconhecidas.

A presença da frota de bombardeiros B-2 em Diego Garcia representa uma demonstração de força direcionada ao Oriente Médio, especialmente ao Irã e aos Houthi no Iêmen. O aumento do poder aéreo dos EUA na região também inclui o envio de um segundo grupo de ataque de porta-aviões da Marinha americana.

O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, ameaçou retaliar qualquer novo ataque realizado pelos Estados Unidos ou por Israel. “Se eles [o Irã] não negociarem, haverá bombardeios”, afirmou o presidente dos EUA, Donald Trump, em entrevista à NBC News. “Serão bombardeios como eles nunca viram antes.”

O governo Trump tem utilizado canais diplomáticos secretos para tentar negociar um novo acordo nuclear com o Irã, enquanto aplica uma estratégia de “pressão máxima” sobre Teerã. Essa abordagem busca desestimular qualquer avanço iraniano na direção de uma arma nuclear. Embora autoridades dos EUA avaliem que o Irã não possua um programa ativo de armamento nuclear, estimativas indicam que o país poderia produzir material físsil para uma ogiva em questão de semanas ou até dias, caso decidisse seguir esse caminho.

Recentemente, uma carta de Donald Trump ao líder supremo do Irã teria estabelecido um prazo de dois meses para um acordo, possivelmente com prazo até a primeira semana de maio.

“Não estamos caminhando para armas nucleares, mas se vocês tomarem a decisão errada sobre a questão nuclear iraniana, forçarão o Irã a seguir esse caminho, pois teremos que nos defender”, declarou Ali Larijani, conselheiro de Khamenei e ex-negociador-chefe, em entrevista à televisão estatal iraniana. “O Irã não deseja fazer isso, mas não terá outra escolha.”