Autoridades russas informaram que a Ucrânia realizou, antes do amanhecer desta terça-feira (11), o maior ataque com drones de longo alcance contra Moscou desde o início do conflito. O prefeito da capital russa, Sergei Sobyanin, declarou que se tratou do bombardeio mais intenso contra a cidade em mais de três anos. Pelo menos três pessoas morreram e outras 18 ficaram feridas, segundo autoridades locais. Os quatro aeroportos internacionais que atendem a região metropolitana, com 21 milhões de habitantes, suspenderam temporariamente suas operações.
O Ministério da Defesa da Rússia afirmou ter abatido 91 drones na região de Moscou e mais de 240 em outras áreas do país. O governo ucraniano não comentou o ataque. O presidente russo, Vladimir Putin, foi informado sobre o incidente, conforme declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, que destacou a eficiência das defesas aéreas russas, mas alertou para a necessidade de manter vigilância diante da possibilidade de novos ataques.


O bombardeio ocorreu poucas horas antes de uma reunião entre delegações da Ucrânia e dos Estados Unidos na Arábia Saudita, onde será discutida uma possível solução para o conflito. A ofensiva pareceu demonstrar que, apesar das perdas e dificuldades enfrentadas, a Ucrânia mantém capacidade de resposta militar.
Kiev propôs uma trégua aérea imediata, comprometendo-se a interromper ataques de longo alcance caso Moscou aceite um acordo semelhante. A iniciativa, apoiada por países como a França, seria um primeiro passo para negociações mais amplas. Além do cessar-fogo aéreo, a Ucrânia pretende discutir a interrupção de ataques no Mar Negro, buscando avaliar a disposição russa para uma resolução diplomática.
Questionado sobre o plano, Peskov afirmou que ainda não era possível definir uma posição oficial e que Moscou aguardava informações dos Estados Unidos sobre os resultados da reunião. Enquanto isso, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, revelou planos para a produção de 30 mil drones de ataque e 3 mil mísseis de longo alcance em 2025, expandindo a capacidade militar nacional enquanto a assistência dos EUA segue suspensa.
A Rússia, por sua vez, manteve sua campanha de bombardeios contra infraestrutura militar e civil na Ucrânia. Nas últimas semanas, ataques noturnos com mais de 100 drones e mísseis têm sido registrados. Na madrugada desta terça-feira, a Força Aérea Ucraniana relatou ter interceptado 126 drones e um míssil balístico. Em Kiev, explosões foram ouvidas à meia-noite, horário local. Um drone russo atingiu um armazém em Kharkiv, matando uma pessoa, enquanto ataques em outras regiões deixaram ao menos 17 feridos. Drones também atingiram Odessa, provocando incêndios.
Desde o telefonema entre Putin e Donald Trump, em 12 de fevereiro, mais de 100 civis morreram em ataques russos. O aumento das ofensivas reflete uma mudança no campo de batalha. A Rússia, com apoio de milhares de soldados norte-coreanos, retomou territórios na região de Kursk, anteriormente controlados pela Ucrânia. Segundo o Ministério da Defesa russo, foram recuperados cerca de 90 km², mas a informação não pôde ser verificada de forma independente.
O território era visto como um trunfo estratégico para Kiev nas negociações, mas os recentes avanços russos alteraram esse cálculo, já que manter a posição pode se tornar insustentável. Com o enclave ucraniano reduzido a uma pequena área próxima de Sudzha, suas linhas de suprimento estão sob constante ataque, tornando sua defesa cada vez mais difícil.
O comandante militar ucraniano, Oleksandr Syrsky, anunciou o envio de reforços, incluindo guerra eletrônica e drones, negando qualquer risco de cerco. “Atualmente, não há ameaça de isolamento de nossas unidades na região de Kursk”, afirmou.
Enquanto isso, a ofensiva russa no leste da Ucrânia parece ter perdido força, sem avanços significativos na última semana. As forças ucranianas iniciaram contra-ataques limitados para recuperar pequenas áreas, conforme relatos de soldados e analistas que monitoram os combates.
Em Moscou, trilhos ferroviários perto do aeroporto de Domodedovo foram danificados, e pelo menos 20 veículos foram incendiados na cidade vizinha. O governador da região, Andrei Vorobyev, confirmou a morte de um segurança de 38 anos devido ao ataque.
