As Forças de Defesa de Israel enviaram, pela primeira vez em 20 anos, tanques para a Cisjordânia no domingo (23), intensificando a operação militar na região. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu autorizou a invasão após explosões em ônibus perto de Tel Aviv na quinta-feira (20), classificadas pelo governo como uma tentativa de ataque em massa. Não houve vítimas.
Tropas israelenses iniciaram operações em várias vilas próximas a Jenin e, conforme reportado, outro pelotão estava se preparando para operar na cidade, que abriga cerca de 50 mil pessoas. O ministro da Defesa, Israel Katz, anunciou que três campos de refugiados no norte da Cisjordânia foram evacuados. “Quarenta mil palestinos já deixaram os campos de refugiados de Jenin, Tulkarem e Nur Shams, e esses campos estão agora vazios”, afirmou o ministro.
Segundo Katz, as ordens para os soldados são claras: permanecer nos campos esvaziados por um longo período e impedir o retorno dos moradores. A operação já forçou milhares de palestinos a buscar abrigo com parentes e amigos.
As movimentações têm gerado temores entre os palestinos, que acusam Israel de tentar deslocá-los permanentemente de suas casas e aumentar o controle sobre áreas sob administração da Autoridade Nacional Palestina. A operação é vista como uma concessão de Netanyahu aos setores da direita, insatisfeitos com o cessar-fogo na guerra contra o Hamas.
A tensão também envolve o cessar-fogo entre Israel e o Hamas. No sábado (22), o Hamas entregou seis reféns a Israel, após exibi-los publicamente, situação criticada por organizações internacionais. A troca previa a libertação de 620 prisioneiros palestinos, mas Netanyahu anunciou que isso não ocorrerá “até que a próxima libertação de reféns aconteça sem cerimônias humilhantes”.
A primeira fase do cessar-fogo, em vigor desde 19 de janeiro, termina em 1º de março, mas os termos da segunda fase ainda não foram negociados. Steve Witkoff, enviado de Donald Trump, afirmou que viajará ao Oriente Médio nesta semana para discutir uma extensão da trégua.
Atualmente, 62 reféns sequestrados em 7 de outubro permanecem em Gaza, com 35 já mortos, segundo o Exército israelense. Desde a trégua, 29 reféns israelenses foram entregues a Israel, em troca de mais de 1.100 prisioneiros palestinos.