O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky pediu, neste sábado (15), a criação de um exército europeu, argumentando que o continente não poderia mais contar com a proteção dos Estados Unidos e só obteria respeito de Washington com uma força militar forte. Em discurso na Conferência Anual de Segurança de Munique, ele afirmou que, após declarações do vice-presidente dos EUA, JD Vance, a relação entre a Europa e os Estados Unidos havia mudado.
“Sejamos honestos: agora não podemos descartar a possibilidade de que os Estados Unidos digam não à Europa em questões que os ameaçam”, disse Zelensky, destacando o impacto da guerra com a Rússia, que entra em seu quarto ano. Ele defendeu um exército europeu, que incluiria a Ucrânia, para que “o futuro do continente dependesse apenas dos europeus” e as decisões fossem tomadas na Europa.
Zelensky também afirmou: “A América precisa da Europa como um mercado? Sim. Mas como uma aliada? Não sei. Para que a resposta seja sim, a Europa precisa de uma única voz, não de uma dúzia de vozes diferentes.” Embora as nações europeias cooperem militarmente dentro da OTAN, a criação de um exército europeu único tem sido rejeitada, com os governos alegando que a defesa é uma questão de soberania nacional.
Enquanto isso, o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, enviou um questionário às capitais europeias, buscando saber o que elas poderiam contribuir em termos de garantias de segurança para a Ucrânia em um possível acordo de paz com a Rússia. O presidente finlandês, Alexander Stubb, comentou: “Isso forçará os europeus a pensar”.
Além disso, o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, incentivou os europeus a se envolverem nas negociações de paz, dizendo: “Entrem no debate, apresentando propostas e ideias concretas”. No entanto, um diplomata europeu expressou ceticismo quanto à proposta de Zelensky, destacando que “há uma força militar europeia chamada OTAN”.