O ministro da Defesa do governo Lula, José Múcio Monteiro, defendeu que a soltura de inocentes ou de pessoas com participação mínima nos atos de 8 de Janeiro pode contribuir para a pacificação do país.
“Na hora que você solta um inocente ou alguém que teve envolvimento pequeno, isso ajuda a pacificar. O País precisa disso. Ninguém aguenta mais esse radicalismo”, afirmou no programa Roda Viva, da TV Cultura.
Múcio destacou a necessidade de diferenciar os envolvidos conforme o grau de responsabilidade.
“Tem gente que quebrou uma cadeira e tem gente que armou o golpe”, comparou.
O ministro evitou classificar os ataques como tentativa de golpe, mas disse que “quem organizou deve pagar”. Ele ponderou que havia manifestantes com diferentes níveis de envolvimento.
Até agora, o Supremo Tribunal Federal (STF) já condenou mais de 370 pessoas a penas que variam de 3 a 17 anos de prisão.
Múcio também falou sobre sua posição política e revelou que familiares seus participaram de acampamentos em frente a quartéis.
“Em Pernambuco, sou visto como homem de esquerda; em Brasília, de direita. Sou de absoluto centro”, afirmou.
Sobre a participação das Forças Armadas nos atos, Múcio sugeriu que não houve tentativa de golpe, pois os militares não aderiram à invasão.
Nos próximos dias, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, deve apresentar ao STF as primeiras denúncias contra militares suspeitos de envolvimento na trama.
Até agora, a Polícia Federal já denunciou 40 pessoas do chamado braço político do plano, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). As investigações indicam que o plano previa até o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes.
Sobre uma possível anistia aos envolvidos, Múcio afirmou que a decisão cabe ao Congresso, mas ponderou que a medida poderia ajudar a pacificar o país e reduzir a polarização.