O Brasil registrou sua pior posição no Índice de Percepção da Corrupção da Transparência Internacional desde 2012. O país caiu de 104º para 107º lugar, com 34 pontos, numa escala de 0 a 100. Quanto maior a nota, maior a percepção de integridade.
O Brasil está 9 pontos abaixo da média global e 8 da média das Américas. Está empatado com Argélia, Nepal, Tailândia, Maláui, Peru e Níger. Há dez anos, estava ao lado de Bulgária, Grécia, Itália, Romênia, Senegal e Essuatíni.
O índice é baseado na padronização de 13 medições de instituições como o Banco Mundial e o Fórum Econômico Mundial, que analisam corrupção a partir de pesquisas com especialistas e dados quantitativos.
Os indicadores vêm de pesquisas com períodos distintos, algumas de setembro de 2024, outras de setembro de 2023 a agosto de 2024. Para o ranking, são considerados apenas países avaliados por ao menos 3 dos 13 índices.
No caso do Brasil, o relatório utilizou 8 índices. Seus escores foram padronizados e a média final resultou nos 34 pontos registrados.
Em 2023, o país já havia caído dez posições em relação a 2022, a pior queda desde 2017. O relatório anterior atribuiu o “retrocesso” ao governo Bolsonaro e à “dificuldade” do governo Lula em reconstruir mecanismos anticorrupção.
“Em 2024, o Brasil falhou, mais uma vez, em reverter a trajetória dos últimos anos de desmonte da luta contra a corrupção”, disse Bruno Brandão, diretor da Transparência Internacional no Brasil.
Segundo ele, a corrupção avança e o crime organizado se infiltra no Estado. “É fundamental que isso soe como um alarme, para que a sociedade e as instituições ajam contra esse processo.”
Entre os fatores negativos, o relatório cita a renegociação de acordos de leniência, a falta de transparência no Novo PAC e o aumento do descontrole sobre emendas parlamentares.
Também menciona a aprovação da PEC da Anistia, que perdoa irregularidades partidárias, e o “silêncio reiterado do presidente Lula sobre a pauta anticorrupção”, além da permanência do ministro Juscelino Filho, indiciado pela Polícia Federal.
Houve, no entanto, pontos positivos, como decisões do STF para dar mais transparência às emendas, o lançamento do Plano de Integridade da CGU e investigações sobre corrupção e desmatamento.
“Infelizmente, 2024 trouxe muitos mais retrocessos que avanços. O presidente praticamente não pronunciou a palavra ‘corrupção’, o Judiciário escancarou a impunidade para corruptos poderosos e o Congresso persistiu com o assalto ao orçamento público”, concluiu Brandão.