Futuro da USAID em risco após Trump e Musk criticarem agência e defenderem seu fechamento

A agência emprega mais de 10.000 pessoas, a maioria delas no exterior. Atua em diversas frentes, como saúde, saneamento e segurança alimentar.


Cercada por polêmica, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) enfrenta um futuro incerto após o governo Trump anunciar planos para seu fechamento como agência independente. Autoridades dos EUA discutem transferi-la para o Departamento de Estado, medida que faz parte de um esforço maior para reduzir a burocracia federal nos Estados Unidos.

A USAID distribui bilhões de dólares em ajuda humanitária a mais de 100 países, representando uma fração do orçamento federal dos EUA. No entanto, Donald Trump criticou a agência, afirmando que ela é “administrada por um bando de lunáticos radicais”. Elon Musk, responsável por uma força-tarefa de eficiência governamental, chamou a USAID de “organização criminosa”.

Segundo a emissora americana NBC News, funcionários do governo Trump discutiram colocar a agência sob controle do Departamento de Estado. Na segunda-feira (3), Musk afirmou que o governo está trabalhando para encerrá-la. Isso ocorre após centenas de contratados serem colocados em licença não remunerada e outros demitidos devido ao congelamento da ajuda externa imposto por Trump. O escritório da USAID em Washington foi fechado, e funcionários foram orientados a trabalhar remotamente.

A crise se intensificou após o diretor de segurança da USAID e seu vice serem afastados por supostamente negarem acesso aos sistemas seguros da agência à equipe de Musk.

O QUE É A USAID?

Criada em 1961 pelo presidente americano John F. Kennedy, a USAID é o principal órgão humanitário dos EUA e do mundo. Seu objetivo inicial era combater a influência soviética na Guerra Fria e coordenar a assistência estrangeira americana.

A agência emprega mais de 10.000 pessoas, a maioria delas no exterior. Atua em diversas frentes, como saúde, saneamento e segurança alimentar.

Jeremy Konyndyk, ex-funcionário da USAID nos governos Obama e Biden, afirmou que a dissolução da agência interromperia iniciativas essenciais, incluindo programas de tratamento de HIV que beneficiam 20 milhões de pessoas.

Em 2023, a USAID administrou mais de US$ 40 bilhões, menos de 1% do orçamento federal dos Estados Unidos, e forneceu ajuda a 130 países. Os 10 maiores beneficiários foram:

— Ucrânia

— Etiópia

— Jordânia

— Congo

— Somália

— Iêmen

— Afeganistão

— Nigéria

— Sudão do Sul

— Síria

A agência também prestou assistência humanitária na Faixa de Gaza e a nações impactadas pela guerra na Ucrânia.

ACUSAÇÕES CONTRA A USAID

Musk fez diversas postagens no X acusando a agência de corrupção.

“Você sabia que a USAID, usando SEU dinheiro de impostos, financiou pesquisas com armas biológicas, incluindo a COVID-19, que matou milhões de pessoas?”, disse ele, citando um artigo do portal New York Post.

Sem apresentar provas, Musk chamou a agência de “operação psicológica política de esquerda radical” e afirmou que a USAID “tem pago organizações de mídia para publicar sua propaganda”.

Em uma conversa no X Spaces, Musk afirmou que já discutiu o tema com Trump, que “concordou que deveríamos fechá-la”.

Questionado no domingo (2), Trump disse a repórteres: “Ela tem sido administrada por um bando de lunáticos radicais, e estamos tirando-os de lá.”

Konyndyk rebateu, chamando as acusações de “campanha de desinformação escandalosa”. Ele destacou que a USAID atua em parceria com ONGs e empresas privadas para enfrentar desafios globais.

“A maneira como os EUA realizam programas de assistência e desenvolvimento no exterior é em parceria. É um ecossistema incrivelmente capaz,” afirmou.