Relógio do Juízo Final atinge seu ponto mais crítico diante de riscos nucleares, avanço da IA e recordes climáticos

Atualizado anualmente por 18 cientistas da ONG Boletim dos Cientistas Atômicos, o mecanismo reflete os eventos do ano anterior.


Criado em 1947 por cientistas preocupados com os riscos da era nuclear, o Relógio do Juízo Final ajustou nesta terça-feira (28) seus ponteiros para o menor intervalo já registrado: 89 segundos da meia-noite, que simboliza o fim da existência humana.

Atualizado anualmente por 18 cientistas da ONG Boletim dos Cientistas Atômicos, o mecanismo reflete os eventos do ano anterior. Em 2023, o relógio marcava 90 segundos, refletindo o início da Guerra na Ucrânia em 2022. Agora, o aumento dos riscos nucleares, o desenvolvimento descontrolado da inteligência artificial e o agravamento da crise climática justificaram a mudança.

“O ponteiro está em seu pior nível porque não vimos progressos em 2024. Há um aumento dos riscos globais, como conflitos envolvendo potências nucleares, recordes de calor e a falta de controle sobre tecnologias disruptivas”, afirmou Daniel Holtz, líder do painel responsável pelo ajuste.

O ex-presidente colombiano Juan Manuel Santos, membro do grupo The Elders, participou do evento de lançamento e destacou que 2025 poderá ser ainda mais desafiador. Ele criticou Donald Trump, que recentemente ameaçou sanções contra a Colômbia e reforçou a saída dos EUA do Acordo de Paris. “Exortamos os líderes globais a agir diante dessa crise [a crise climática]”, disse Santos.

O Relógio, inicialmente criado para alertar sobre o risco de guerras nucleares, ampliou seu foco em 2007, passando a incluir a crise climática em seus cálculos. O impacto é evidente, como mostram as enchentes no Rio Grande do Sul e os incêndios na Califórnia. “Em 2024, o planeta foi ainda mais quente que 2023, que já havia quebrado recordes históricos”, disse Holtz.

Durante a Guerra Fria, o Relógio chegou a dois minutos da meia-noite em 1953, refletindo tensões entre EUA e União Soviética. Agora, com as mudanças climáticas e os riscos nucleares crescentes, o mecanismo alerta que o tempo está mais curto do que nunca.