A Suécia deu início na última quarta-feira (15) à construção de uma instalação pioneira de armazenamento final para combustível nuclear usado, tornando-se o segundo país no mundo a adotar essa medida. O repositório, localizado em Forsmark, a cerca de 150 quilômetros ao norte de Estocolmo, armazenará resíduos altamente radioativos por 100.000 anos, uma solução crucial para a gestão segura desses materiais.
Desde o início da operação de reatores comerciais na década de 1950, a indústria nuclear tem enfrentado o desafio de como armazenar resíduos radioativos mortais de maneira segura. Até o momento, a Finlândia é o único país que está prestes a concluir uma instalação de armazenamento permanente semelhante.
Romina Pourmokhtari, Ministra do Meio Ambiente da Suécia, destacou a importância do projeto para o país e a transição climática: “É difícil exagerar a importância para a Suécia e para a transição climática do fato de que a construção do repositório final está em andamento. Disseram que não funcionaria, mas funciona.”
A ‘World Nuclear Association’ (WNA) estima que cerca de 300.000 toneladas de combustível nuclear usado estão armazenadas globalmente, principalmente em lagoas de resfriamento próximas aos reatores. Com a transição energética em curso, muitos países planejam construir novos reatores, aumentando a demanda por soluções de armazenamento seguro.
O repositório de Forsmark terá 60 km de túneis escavados a 500 metros de profundidade em um leito rochoso de 1,9 bilhão de anos. A instalação abrigará 12.000 toneladas de combustível usado, que serão encapsuladas em cápsulas de cobre resistentes à corrosão e protegidas por argila antes de serem enterradas.
A previsão é que os primeiros resíduos sejam recebidos no final da década de 2030, com conclusão total por volta de 2080, quando os túneis serão selados. Entretanto, o processo enfrenta desafios. A MKG, organização sueca dedicada a questões de resíduos nucleares, recorreu ao tribunal pedindo mais verificações de segurança, citando estudos que indicam risco de corrosão das cápsulas de cobre.
Linda Birkedal, presidente da MKG, ressaltou a necessidade de cautela: “Temos espaço para esperar dez anos para tomar uma decisão, já que isso é algo que precisa ser seguro por 100.000 anos.”
O projeto custará cerca de 12 bilhões de coroas (US$ 1,08 bilhão), financiado pela indústria nuclear do país. Embora o repositório tenha capacidade para armazenar todos os resíduos das usinas nucleares atuais da Suécia, ele não será suficiente para futuros reatores. O país planeja construir mais 10 reatores até 2045, aumentando ainda mais a necessidade de soluções seguras para o armazenamento de resíduos nucleares.