O rabino-chefe de Roma, Riccardo Di Segni, criticou o papa Francisco nesta quinta-feira (16) após os comentários do pontífice sobre a campanha militar de Israel na Faixa de Gaza, feitos durante um evento de diálogo católico-judaico. Di Segni, líder espiritual da comunidade judaica de Roma desde 2001, afirmou que o papa tem voltado suas atenções de forma injusta para Israel, em detrimento de outros conflitos em lugares como Sudão, Iémen, Síria e Etiópia.
“Indignação seletiva… enfraquece a força do Papa”, disse Di Segni. “Um papa não pode dividir o mundo em filhos e enteados e deve denunciar os sofrimentos de todos. Isso é exatamente o que o Papa não faz”, acrescentou o rabino. Francisco, que lidera mais de 1,4 bilhão de católicos, tem criticado a campanha militar israelense contra o grupo Hamas na Faixa de Gaza. Na semana passada, o pontífice declarou que a situação humanitária na região era “muito séria e vergonhosa”.
Na quarta-feira (15), um acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas foi alcançado, com previsão de entrada em vigor no domingo (19).
As relações entre a Igreja Católica e o judaísmo melhoraram consideravelmente nas últimas décadas, após séculos de animosidade. O evento de diálogo católico-judaico, realizado nesta quinta-feira em uma Universidade Católica, marcou o 36º Dia Mundial de Diálogo Católico-Judaico.
O reverendo Marco Gnavi, um dos organizadores e padre católico, se mostrou surpreso com os comentários do rabino e expressou desconforto: “Você não pode pedir a nós que não soframos com você e com os outros”, ponderou.