Scott Bessent, o bilionário gestor de fundos de hedge escolhido pelo presidente eleito Donald J. Trump para ser o próximo secretário do Tesouro, planeja se desfazer de uma série de fundos, investimentos e ativos em preparação para assumir o cargo de principal arquiteto de políticas econômicas dos EUA.
Esses planos foram divulgados no sábado (11), juntamente com um acordo de ética e divulgações financeiras que Bessent submeteu antes de sua audiência de confirmação no Senado, marcada para a próxima quinta-feira (16). Os documentos revelam a extensão da fortuna de Bessent, cujos ativos e investimentos totalizam mais de US$ 700 milhões. Anteriormente, ele foi o principal investidor do filantropo liberal bilionário George Soros e também um grande doador republicano e conselheiro de Trump.
Se confirmado como secretário do Tesouro, Bessent, 62 anos, liderará a agenda econômica de Trump, que inclui cortes de impostos, reversão de regulamentações e imposição de tarifas enquanto busca renegociar acordos comerciais. Ele também terá um papel crucial na possível adoção de criptomoedas, como o Bitcoin, pela administração Trump.
Apesar de Trump ter conquistado a eleição com o apoio de eleitores da classe trabalhadora, ele recorreu a investidores de Wall Street, como Bessent e Howard Lutnick, um banqueiro bilionário nomeado secretário do Comércio, para liderar sua equipe econômica. Linda McMahon, outra bilionária, foi indicada para secretária de Educação, e Elon Musk, o homem mais rico do mundo, está à frente de uma agência não oficial chamada Departamento de Eficiência Governamental.
Em uma carta ao escritório de ética do Departamento do Tesouro, Bessent detalhou as medidas que tomaria para “evitar qualquer conflito de interesses real ou aparente, caso seja confirmado como secretário do Tesouro”. Ele afirmou que encerraria a Key Square Capital Management, empresa de investimentos que fundou, e renunciaria à sua fundação familiar Bessent-Freeman e à Universidade Rockefeller, onde presidiu o comitê de investimentos.
O formulário de divulgação financeira revela que Bessent possui até US$ 25 milhões em terras agrícolas em Dakota do Norte, que geram renda com a produção de soja e milho, além de uma propriedade nas Bahamas avaliada em até US$ 25 milhões. Em novembro, ele colocou à venda sua histórica mansão rosa em Charleston, Carolina do Sul, por US$ 22,5 milhões.
Bessent está liquidando vários investimentos que podem representar potenciais conflitos de interesse, incluindo um fundo negociado em bolsa de Bitcoin, uma conta que negocia o renminbi (moeda da China) e sua participação na All Seasons, uma editora conservadora. Ele também possui uma linha de crédito de mais de US$ 50 milhões com o Goldman Sachs.
Como investidor, Bessent é conhecido por suas apostas na valorização do dólar e por vender a descoberto o renminbi, de acordo com uma fonte familiarizada com sua estratégia. Ele ganhou notoriedade nos anos 1990 ao apostar contra a libra esterlina, gerando US$ 1 bilhão para a Soros Fund Management. Também fez uma aposta significativa contra o iene japonês.
Bessent, que supervisionará o mercado de títulos do Tesouro dos EUA, possui mais de US$ 100 milhões em títulos do Tesouro. Os membros do gabinete são obrigados a alienar certos ativos para evitar potenciais conflitos de interesse, o que pode trazer benefícios fiscais, como o adiamento de impostos sobre ganhos de capital se os lucros forem reinvestidos em títulos do Tesouro ou fundos do mercado monetário.
Mesmo seguindo diretrizes éticas, questões sobre conflitos de interesse podem surgir. O secretário do Tesouro de Trump durante seu primeiro mandato, Steven Mnuchin, desinvestiu de sua produtora de filmes ao assumir o cargo, mas surgiram questionamentos éticos durante negociações com a China, um mercado crucial para a indústria cinematográfica dos EUA.
Bessent foi escolhido após uma disputa interna na equipe de transição de Trump. Howard Lutnick, copresidente da equipe de transição e CEO da Cantor Fitzgerald, tentou garantir o cargo para si antes de ser nomeado secretário do Comércio. Durante a disputa, críticos de Bessent divulgaram documentos depreciando seu desempenho como gestor de fundos de hedge. O Key Square Capital, fundo de Bessent lançado em 2016 com grande expectativa, arrecadou US$ 4,5 bilhões inicialmente, mas administra uma quantia significativamente menor atualmente.