Protestos em todos os EUA ameaçam o próximo desfile militar de Trump

O desfile militar acontecerá em 14 de junho, data que comemora o 250º aniversário do Exército dos EUA e o 79º aniversário de Trump.


O presidente dos EUA, Donald Trump, terá neste sábado (14) um desfile militar em Washington, que marca tanto seu 79º aniversário quanto o 250º aniversário do Exército dos Estados Unidos. No entanto, o evento, que contará com tanques, lançadores de artilharia e cerca de 7 mil soldados, ocorrerá em meio a protestos organizados em todos os 50 estados dos Estados Unidos, refletindo a profunda divisão política do país.

A celebração começará com um festival no National Mall, com demonstrações militares e presença de soldados para interação com o público. O desfile terá início às 18h30 (horário de Washington) e percorrerá a Constitution Avenue, do Lincoln Memorial até a Ellipse, ao sul da Casa Branca, onde Trump acompanhará o evento de uma plataforma.

A expectativa é de que centenas de milhares de pessoas compareçam à avenida para acompanhar o espetáculo militar, que terá veículos de combate Bradley em exposição e dezenas de helicópteros em sobrevoo. Segundo o Secretário do Exército dos EUA, Daniel Driscoll, o custo do desfile está estimado entre US$ 25 milhões e US$ 40 milhões. Em audiência no Senado, ele defendeu a despesa como uma “oportunidade única de atrair jovens para o recrutamento militar”.

Contudo, uma coalizão formada por grupos pró-democracia, sindicatos e organizações liberais está promovendo uma contraprogramação nacional. Intitulada “No Kings” (“Sem reis”), a mobilização busca contestar o que os organizadores veem como uma tentativa de Trump de se promover politicamente às custas de uma data cívico-militar.

“O objetivo é retirar de Trump a narrativa de que ele é uma figura todo-poderosa e mostrar que o verdadeiro poder ainda pertence ao povo”, afirmou Ezra Levin, cofundador do movimento Indivisible. Ele afirmou que são esperadas manifestações em todos os distritos eleitorais dos EUA, podendo totalizar até 1.800 protestos.

A Marcha das Mulheres também organizará atos, com o lema “Expulsem os Palhaços”. Só em Madison, Wisconsin, são esperadas até 5.000 pessoas, segundo a diretora Tamika Middleton. “Parece surreal para muitos de nós que este presidente tenha um desfile militar no dia de seu aniversário”, comentou.

Entre os críticos está o senador republicano Rand Paul, de Kentucky. “Sempre tivemos orgulho de sermos diferentes da União Soviética e da Coreia do Norte”, declarou. “Exibir equipamentos letais é algo que eles fazem, não nós.”

Mesmo assim, Trump minimizou os protestos e afirmou que “essas pessoas odeiam nosso país”. Ele alertou que os manifestantes encontrarão “uma força muito grande”. Autoridades de segurança confirmaram que milhares de agentes estarão presentes para garantir a ordem.

O desfile ocorre em meio a tensões entre o governo Trump e autoridades da Califórnia, após o envio de 700 fuzileiros navais para conter manifestações contra políticas de imigração em Los Angeles. Especialistas alertam para os riscos de politização das Forças Armadas, historicamente um órgão apolítico voltado a missões no exterior. O último desfile militar nos EUA aconteceu há 34 anos, após a vitória na Guerra do Golfo.