A área sob alertas de desmatamento na Amazônia Legal aumentou 92% em maio de 2025, alcançando 960 km², conforme dados divulgados na sexta-feira (6) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Trata-se do segundo pior resultado da série histórica para o mês, ficando atrás apenas de maio de 2021, quando foram registrados 1.391 km².
Segundo João Paulo Capobianco, secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, os dados refletem os efeitos intensos das mudanças climáticas sobre a floresta. “Infelizmente, os dados começam a aparecer agora”, afirmou. Capobianco destacou que a proporção do desmatamento afetado por incêndios cresceu de 10% em 2023 para 23,7% em 2025.
O secretário também apontou que, historicamente, o desmatamento em maio apresentava pouca relação com queimadas. Entretanto, a partir de 2023, esse cenário mudou drasticamente: “Hoje, 51% da perda florestal em maio ocorreu por incêndios, o que rompe uma trajetória histórica”, disse.
O avanço nos alertas em maio sinaliza uma possível alta no índice oficial de desmatamento de 2025, que será calculado com base no período de agosto de 2024 a julho deste ano, no âmbito do Projeto Prodes, também conduzido pelo Inpe.
No acumulado dos últimos dez meses, a área sob alerta de desmatamento já apresenta crescimento de 9,1% em relação ao mesmo período anterior, subindo de 3.186 km² para 3.502 km². O sistema Deter, responsável pelos alertas diários, é voltado à fiscalização imediata, enquanto o Prodes utiliza imagens de maior precisão para aferir a taxa consolidada.
No Cerrado, o desmatamento caiu 15% em maio, totalizando 885 km². De agosto a maio, houve uma redução de 22%, passando de 5.908 km² para 4.583 km².
O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, informou que 9 mil propriedades foram notificadas por envolvimento com incêndios e que o órgão aplicou R$ 3 bilhões em multas. O governo federal reforçou a estrutura de fiscalização, com mais helicópteros e viaturas, além de prever o maior aparato já mobilizado para combate ao fogo, com repasse de R$ 405 milhões aos estados da Amazônia Legal.
Capobianco também ressaltou a implementação da política nacional de manejo integrado do fogo. Dos 81 municípios considerados críticos, 70 já aderiram ao plano.