O empresário Elon Musk fez críticas contundentes ao projeto de lei de gastos promovido pelos republicanos, afirmando que a proposta representa uma “abominação repugnante”. A declaração foi publicada nesta terça-feira (03), por meio de sua conta na rede X (antigo Twitter).
“Sinto muito, mas não aguento mais. Este projeto de lei de gastos do Congresso, enorme, ultrajante e cheio de carne de porco, é uma abominação repugnante. Que vergonha para aqueles que votaram a favor: vocês sabem que erraram. Vocês sabem disso”, escreveu Musk.
O CEO da Tesla afirmou ainda que a medida pode aumentar significativamente o já elevado déficit orçamentário dos Estados Unidos, podendo atingir US$ 2,5 trilhões, segundo estimativas de especialistas. Para ele, o projeto compromete a sustentabilidade financeira do país, sobrecarregando os cidadãos com uma dívida insustentável.
Musk havia deixado a Casa Branca oficialmente na semana passada, após liderar o Departamento de Eficiência Governamental durante os primeiros meses do segundo mandato de Donald Trump. Ele já havia expressado insatisfação com o texto legal, considerando-o um “projeto de lei de gastos massivos” que prejudica o trabalho de sua antiga equipe.
Enquanto isso, a Casa Branca tenta incorporar US$ 9,4 bilhões em cortes sugeridos pelo departamento que Musk liderou. A proposta de “rescisões” pode ser aprovada por maioria simples no Congresso dos EUA, o que possibilitaria aos republicanos avançar mesmo sem apoio dos democratas.
Questionada sobre as críticas de Musk, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, respondeu: “O presidente já conhece a opinião de Elon Musk. Isso não muda nada. Este é um projeto de lei grande e bonito, e ele vai mantê-lo.”
A proposta, apelidada por aliados de “One Big Beautiful Bill” (OBBB), foi aprovada na Câmara dos Estados Unidos por uma margem estreita — 215 votos a 214. Ela prevê a extensão dos cortes de impostos iniciados em 2017, a eliminação de tributos sobre gorjetas e horas extras, a elevação do teto da dívida em US$ 4 trilhões e cortes em programas sociais como Medicaid e assistência nutricional.
Ainda assim, a tramitação no Senado enfrenta obstáculos. Republicanos mais conservadores se opõem ao aumento do teto da dívida e aos cortes em benefícios. A deputada Marjorie Taylor Greene, uma aliada de Trump, disse ter se arrependido de seu voto favorável após descobrir que o texto impede que estados regulem a inteligência artificial por uma década.
— “Transparência total: eu não sabia sobre esta seção, nas páginas 278-279 do OBBB, que retira dos estados o direito de fazer leis ou regular a IA por 10 anos. Sou totalmente CONTRA isso, e é uma violação dos direitos dos estados. Eu teria votado NÃO se soubesse que isso estava lá… Isso precisa ser retirado no Senado”, afirmou Marjorie Taylor.
O Senado dos EUA ainda não votou sua versão do projeto. Se houver mudanças, a proposta precisará retornar à Câmara para nova apreciação.