O presidente da França, Emmanuel Macron, fez um alerta direto à China nesta sexta-feira (30), afirmando que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) pode ampliar sua atuação na Ásia caso Pequim não tome medidas concretas para conter o envolvimento da Coreia do Norte na guerra da Rússia contra a Ucrânia.
“A Coreia do Norte na Ucrânia é uma grande questão para todos nós. Se a China não quer que a OTAN se envolva no Sudeste Asiático, deveria impedir a participação norte-coreana em solo europeu”, declarou Macron, durante discurso no Diálogo Shangri-La, tradicional cúpula de segurança realizada em Singapura.
A declaração marca uma mudança de tom do líder francês. Paris tem sido uma das principais opositoras da expansão da OTAN na Ásia e chegou a liderar a oposição à abertura de um escritório de ligação da aliança no Japão em 2023. No entanto, Macron sugeriu que essa posição poderá ser revista. “Me opus à presença da OTAN na Ásia porque não acredito em participar da rivalidade estratégica de outros”, afirmou.
Relatos recentes apontam que tropas norte-coreanas têm apoiado forças russas na tentativa de expulsar os ucranianos da região de Kursk, no sudoeste da Rússia, como parte de um pacto militar entre Moscou e Pyongyang.
A fala de Macron foi o ponto alto de uma viagem à Ásia que incluiu paradas no Vietnã e na Indonésia, onde a França firmou diversos acordos, inclusive na área de defesa. O giro também foi marcado por especulações sobre sua vida pessoal — após levar um tapa de sua esposa, Brigitte, no Vietnã, no último domingo (25).
Em Singapura, além de abordar os riscos de proliferação nuclear, Macron advertiu sobre o possível colapso da ordem internacional criada após a Segunda Guerra Mundial. Reafirmou ainda o compromisso francês com a “autonomia estratégica” e incentivou as nações asiáticas a manterem independência frente às potências americanas e chinesas.