A Coreia do Norte condenou veementemente o projeto norte-americano de criar um sistema avançado de defesa antimísseis, batizado de “Domo de Ouro”. Segundo o Ministério das Relações Exteriores de Pyongyang, o plano pode “transformar o espaço sideral em um potencial campo de guerra nuclear”.
O escudo, proposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e com previsão de lançamento até o fim de seu mandato, visa proteger os Estados Unidos contra ameaças aéreas de próxima geração, como mísseis balísticos e de cruzeiro. A mídia estatal norte-coreana classificou o projeto como “o auge da presunção e arrogância” do governo americano.
Em nota, a chancelaria norte-coreana acusou os EUA de estarem “obcecados com a militarização do espaço” e alertou para o risco de uma nova corrida armamentista nuclear e espacial. Para Pyongyang, o Domo de Ouro representa uma ameaça direta ao seu arsenal nuclear.
Hong Min, analista sênior do Instituto Coreano para a Unificação Nacional, afirmou à AFP que a conclusão do sistema forçaria a Coreia do Norte a desenvolver alternativas para neutralizá-lo. O regime norte-coreano aprovou, em 2022, uma lei que declara o país uma potência nuclear e, desde então, intensificou seus testes com mísseis balísticos e de cruzeiro. No início deste ano, o país afirmou ter testado um novo míssil balístico com ogiva hipersônica, capaz de conter “quaisquer rivais na região do Pacífico”.
A China também se posicionou contra o projeto americano. O Ministério das Relações Exteriores chinês manifestou “séria preocupação” com o Domo de Ouro, considerando que o sistema possui “fortes implicações ofensivas”.
Pequim criticou a “política dos EUA de buscar segurança absoluta em detrimento do equilíbrio global”.
Embora analistas reconheçam a necessidade de modernizar os sistemas defensivos dos EUA, destacam que o projeto enfrentará desafios técnicos, políticos e financeiros. A proposta já conta com uma verba inicial de US$ 25 bilhões, mas o custo final pode chegar a cifras vinte vezes maiores.