Movimentos militares indicam que Israel pode atacar programa nuclear do Irã

Autoridades alertam que não há confirmação de que Israel tenha tomado uma decisão final.


Os Estados Unidos obtiveram informações de inteligência indicando que Israel estaria se preparando para atacar instalações nucleares iranianas, apesar dos esforços do governo Trump em firmar um acordo diplomático com Teerã. A revelação foi feita à CNN por diversas autoridades americanas com acesso às análises mais recentes.

Um eventual ataque seria uma ruptura significativa com o presidente dos EUA, Donald Trump, e poderia provocar uma escalada de tensões no Oriente Médio — algo que Washington tenta evitar desde a guerra em Gaza, em 2023.

Embora ainda não esteja claro se os líderes israelenses tomaram uma decisão final, fontes afirmam que aumentou substancialmente a probabilidade de um ataque nos últimos meses. Isso se deve tanto a declarações públicas de autoridades israelenses quanto à interceptação de comunicações e movimentos militares observados pelos EUA, como deslocamentos de munições aéreas e a realização de exercícios aéreos.

Segundo analistas, tais movimentações podem tanto sinalizar um ataque iminente quanto representar uma tentativa de pressionar o Irã a recuar em seu programa nuclear.

Trump impôs um prazo de 60 dias, já expirado, para alcançar um novo acordo com o Irã. Apesar de ter ameaçado com ações militares, a atual orientação da Casa Branca ainda é diplomática. Um diplomata europeu que se reuniu com Trump recentemente afirmou que o presidente americano estaria disposto a esperar apenas algumas semanas antes de considerar uma intervenção militar.

Neste contexto, Israel se vê em posição delicada. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu sofre pressões internas para impedir um acordo que não atenda aos interesses israelenses, sem, contudo, abalar as relações com Trump. “A decisão israelense dependerá diretamente da política adotada por Washington”, disse Jonathan Panikoff, ex-alto funcionário de inteligência dos EUA.

Apesar de sua força militar, Israel não teria capacidade de destruir completamente o programa nuclear iraniano sem apoio americano. Isso inclui reabastecimento aéreo e bombas especializadas para penetrar instalações subterrâneas. Ainda assim, autoridades israelenses indicam disposição para agir unilateralmente, caso os EUA firmem um acordo considerado insatisfatório.

“A chance de Israel tentar sabotar um acordo com um ataque é real”, disse uma fonte americana. Em fevereiro, relatórios da inteligência dos EUA já indicavam que Israel poderia usar aviões ou mísseis de longo alcance para aproveitar as defesas aéreas enfraquecidas do Irã. Ainda assim, analistas apontam que tais ações causariam apenas atrasos temporários no avanço nuclear iraniano.

No momento, as negociações enfrentam impasses — principalmente sobre o enriquecimento de urânio. O enviado especial de Trump, Steve Witkoff, declarou que os EUA não aceitarão “nem 1% de capacidade de enriquecimento” por parte do Irã. Já o líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, afirmou que não abrirá mão do direito de enriquecer urânio, garantido pelo Tratado de Não Proliferação Nuclear da ONU.

Uma nova rodada de negociações poderá ocorrer na Europa nos próximos dias. Embora propostas tenham sido trocadas, nenhuma conta com a aprovação formal de Trump. Autoridades americanas seguem monitorando os movimentos israelenses, enquanto avaliam cenários que envolvem possível conflito regional e risco de fracasso diplomático.