A Organização das Nações Unidas informou que Israel permitirá a entrada de cerca de 100 caminhões com ajuda humanitária na Faixa de Gaza nesta terça-feira (20). A medida ocorre após intensa pressão internacional sobre o governo israelense. Apesar disso, os ataques ao território continuam — segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas, bombardeios realizados nesta terça resultaram na morte de ao menos 50 palestinos.
Organizações humanitárias consideram a aprovação um passo importante, porém insuficiente. Antes da eclosão do conflito, Gaza recebia cerca de 500 caminhões com mantimentos por dia, volume que jamais foi restabelecido de forma contínua desde o início da guerra. A crise se agravou nos últimos dois meses, quando Israel interrompeu completamente o fluxo de ajuda.
Na segunda-feira (19), cinco caminhões conseguiram atravessar a fronteira após 78 dias de bloqueio. De acordo com o premiê Benjamin Netanyahu, imagens da fome enfrentada pelos palestinos estavam comprometendo o apoio internacional a Israel.
Jens Laerke, porta-voz do escritório humanitário da ONU, informou que os caminhões levavam alimentos para bebês e produtos nutricionais infantis, destinados a um dos grupos mais vulneráveis diante da escassez. Já o secretário-geral-adjunto da agência, Tom Fletcher, declarou à BBC News que 14 mil bebês podem morrer nas próximas 48 horas se a ajuda não for ampliada. Ele classificou a liberação de cinco veículos como “uma gota no oceano” e alertou para os desafios da nova entrega: “Vamos correr os riscos, nosso objetivo é salvar o máximo possível desses 14 mil bebês.”
Segundo projeções da Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (IPC), apoiada pela ONU, toda a população de Gaza está em risco de crise alimentar. Além da fome, 90% das casas enfrentaram insegurança hídrica na primeira quinzena de abril, e os hospitais que não foram bombardeados operam com recursos limitados.