Lula prioriza a China e Brasil se distancia dos EUA e do Ocidente

O Brasil nunca esteve tão distante de Washington como nos tempos atuais, em mais de 200 anos de relações bilaterais com os Estados Unidos.


A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à China evidencia uma tendência preocupante na política externa brasileira: o distanciamento cada vez mais acentuado do país em relação ao Ocidente e às democracias tradicionais, em especial os Estados Unidos. Sob a liderança de Lula, o Brasil parece inclinado a abraçar um modelo de relações internacionais que prioriza parcerias com regimes autoritários, como o da China, em detrimento de valores democráticos e alianças históricas.

O encontro com o presidente chinês Xi Jinping e a assinatura de mais de 20 acordos bilaterais reforçam essa percepção. Embora o governo brasileiro argumente que a aproximação com Pequim é uma estratégia pragmática para impulsionar o crescimento econômico, a realidade é que esse alinhamento traz implicações geopolíticas profundas. Ao fortalecer os laços com a China, o Brasil se insere em um projeto liderado por um regime autoritário que desafia diretamente a ordem internacional baseada em regras e transparência, defendida pelas democracias ocidentais.

A justificativa de que a Nova Rota da Seda pode beneficiar o Brasil economicamente é frágil. Na prática, o país se arrisca a se tornar economicamente dependente de uma potência que utiliza sua influência econômica para avançar interesses políticos. A proposta de instalação de uma fábrica de fertilizantes chinesa no Paraná, por exemplo, pode parecer um avanço, mas também é um lembrete da vulnerabilidade do Brasil em áreas estratégicas, como a produção agrícola.

Ainda mais preocupante é o contexto em que essa aproximação ocorre. Desde a volta de Donald Trump à Casa Branca, o governo Lula parece ter adotado uma postura de confronto em relação aos Estados Unidos, mesmo diante de tarifas extras impostas a produtos brasileiros. Ao invés de buscar uma negociação equilibrada com Washington, o Brasil se volta para a China, uma nação que enfrenta sanções ainda mais severas na guerra comercial com os americanos.

O Brasil também parece comprometido em apoiar posições políticas da China, como a defesa do multilateralismo e a proposta de cessar-fogo na Ucrânia, que favorece mais os interesses russos do que uma paz verdadeira. O envolvimento de diplomatas brasileiros em uma iniciativa conjunta com Pequim para mediar o conflito é um sinal claro de que o país está disposto a agir como aliado estratégico da China em questões globais.

Ao se distanciar do Ocidente e das democracias tradicionais, o Brasil corre o risco de se isolar politicamente, prejudicar relações econômicas com parceiros tradicionais e comprometer sua posição em fóruns internacionais. O alinhamento com a China pode trazer ganhos imediatos, mas é uma estratégia míope que ignora os valores e os princípios que historicamente guiaram a política externa brasileira.

O país deve repensar sua postura e buscar fortalecer sua relação com as democracias ocidentais, principalmente com os Estados Unidos, que continuam sendo uma potência econômica e política de enorme relevância. Manter boas relações com Washington não significa ignorar a importância da China, mas sim garantir uma política externa equilibrada, que respeite princípios democráticos e proteja os interesses nacionais de forma sustentável.