A presença do presidente Lula (PT) em Moscou, ao lado de Vladimir Putin, durante o Dia da Vitória, é mais do que uma simples participação em um evento. É um gesto político poderoso, especialmente em um momento em que a maior parte das democracias liberais opta por boicotar a Rússia em razão da guerra na Ucrânia.
O governo brasileiro insiste em afirmar uma posição de neutralidade no conflito. No entanto, as ações de Lula apontam para uma direção diferente. Desde o início da guerra, o Brasil recusou enviar armas à Ucrânia e manteve uma postura de diálogo com todas as partes. Mas ao se alinhar visualmente com Putin em um evento de forte simbolismo militar, o presidente brasileiro emite uma mensagem clara ao mundo.
Essa postura se torna ainda mais controversa após o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitir um mandado de prisão contra Putin por crimes de guerra, incluindo a deportação forçada de crianças ucranianas. O Brasil, como signatário do Estatuto de Roma, tem um compromisso legal com o TPI. No entanto, Lula declarou que Putin não seria preso em solo brasileiro, questionando a legitimidade do tribunal.
A aproximação com a Rússia pode parecer uma tentativa de reviver a política de não alinhamento dos tempos da Guerra Fria, mas o contexto atual é diferente. A guerra na Ucrânia não é uma disputa entre grandes potências rivais, mas uma agressão clara de uma nação autoritária contra outra soberana.
Ao optar por estar ao lado de Putin, o Brasil se afasta dos princípios que historicamente defendeu: respeito ao direito internacional e promoção da paz. A presença em Moscou reforça a percepção de que o Brasil está se afastando das democracias liberais e se aproximando de um bloco revisionista, liderada pela China, que desafia as normas internacionais estabelecidas.
Lula pode afirmar que deseja uma política externa independente, mas seus gestos falam mais alto do que suas palavras. E, neste caso, eles indicam um alinhamento perigoso e contraditório.