Comer bolacha recheada tira 40 minutos de vida e banana dá oito, diz estudo; veja lista

Os pesquisadores destacam que o HENI não deve ser interpretado como uma conta cumulativa.


Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), publicada na revista “International Journal of Environmental Research and Public Health”, analisou o impacto de diferentes alimentos na saúde dos brasileiros. Utilizando o Índice Nutricional de Saúde (HENI), uma métrica desenvolvida por cientistas americanos, o estudo estima o tempo de vida saudável que pode ser ganho ou perdido com o consumo de cada porção alimentar.

O HENI calcula o impacto de cada alimento em minutos de vida saudável, considerando 15 componentes nutricionais relacionados ao risco de doenças, com base em dados do Global Burden of Disease. Entre os fatores negativos estão o consumo excessivo de carnes processadas, sódio, gorduras trans e bebidas adoçadas. Já os componentes positivos incluem fibras, frutas, vegetais, leguminosas, ômega-3 de peixe e leite.

Na prática, alimentos como bolacha recheada demonstraram ter um impacto negativo, reduzindo em 39,69 minutos a expectativa de vida saudável por porção consumida. Outros itens com pontuação negativa incluem carne suína (-36,09 minutos), margarina (-24,76 minutos) e carne bovina (-21,86 minutos). Por outro lado, alimentos como peixe de água doce (+17,22 minutos), banana (+8,08 minutos) e feijão (+6,53 minutos) foram identificados como benéficos, acrescentando tempo de vida saudável.

O estudo analisou 33 alimentos que mais contribuem para a ingestão energética no Brasil, com base na Pesquisa Nacional de Alimentação (INA 2017–2018). Os pesquisadores destacam que os resultados não indicam que o consumo de um alimento isolado afeta diretamente a saúde, mas sim que o saldo geral da dieta é o fator determinante.

Alimentos com pior pontuação HENI (maiores perdas de vida saudável por porção):

Bolacha recheada: -39,69 minutos

Carne suína: -36,09 minutos

Margarina: -24,76 minutos

Carne bovina: -21,86 minutos

Empanado de frango: -17,88 minutos

Presunto: -15,71 minutos

Refrigerante com açúcar: -12,75 minutos

Pizza de mussarela: -11,61 minutos

Cachorro-quente: -10,63 minutos

Alimentos com melhor pontuação HENI (ganhos de vida saudável por porção):

Peixe de água doce: +17,22 minutos

Banana: +8,08 minutos

Feijão: +6,53 minutos

Suco natural de fruta: +5,69 minutos

Arroz integral: +4,71 minutos

Azeite de oliva: +3,34 minutos

Aveia: +2,78 minutos

Tomate: +2,65 minutos

Castanha-do-pará: +2,34 minutos

Os pesquisadores reforçam que o HENI não deve ser interpretado como uma conta direta e cumulativa. Consumir um alimento com pontuação negativa não significa, por si só, que a pessoa estará mais próxima da morte. O índice reflete o impacto médio na saúde da população, considerando um cenário onde apenas aquele alimento muda, mantendo o restante da dieta constante.

O principal objetivo do HENI é orientar escolhas alimentares mais saudáveis. Em vez de demonizar alimentos específicos, o índice serve como um guia para que os consumidores substituam itens com impacto negativo por opções que acrescentem vida saudável. Pequenas mudanças na dieta diária podem ter um impacto significativo.

A média nacional calculada pelo estudo foi negativa: -5,89 minutos por alimento, indicando que o padrão alimentar dos brasileiros, em geral, está mais próximo de prejudicar a saúde do que de promovê-la. No entanto, os autores destacam que o problema não é consumir um item isoladamente, mas sim quando alimentos prejudiciais se tornam frequentes e substituem opções protetoras.

“Uma bolacha recheada ocasional não representa um risco significativo, mas seu consumo constante, aliado a outros alimentos com impacto negativo, resulta em um saldo geral prejudicial”, afirmam os pesquisadores.

O HENI, desenvolvido inicialmente nos Estados Unidos, é uma ferramenta baseada em evidências que ajuda os consumidores a entender o impacto dos alimentos na saúde, permitindo decisões mais informadas e promovendo a substituição por opções mais benéficas.