Oficinas de vestuário no distrito de Panyu, em Guangzhou, conhecido como “Vila Shein”, estão encerrando suas atividades diante da revogação da política fiscal americana que isentava pequenas remessas internacionais de impostos. O impacto já é visível nas ruas estreitas da região, onde pilhas de bolsas com destino aos Estados Unidos eram comuns até recentemente.
Segundo um funcionário de uma oficina local com cerca de 20 empregados, a queda nos pedidos da Shein afetou diretamente as vendas. A mudança decorre da decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de encerrar, a partir de 2 de maio, a política “de minimis”, que isentava do imposto de importação remessas de até US$ 800. A medida amplia a pressão sobre a economia chinesa, que já enfrenta desafios como a crise prolongada no setor imobiliário e um crescimento modesto de 5,4% no primeiro trimestre de 2025.
Empresas como a Shein se beneficiavam da isenção para oferecer preços baixos aos consumidores americanos. Com as novas tarifas, fornecedores chineses vêm sendo obrigados a rever suas operações, e muitos não têm recursos para manter a produção. “Oficinas fecharam em todos os lugares em apenas dois meses”, disse Li Lianghua, empresário que atua em um edifício de quatro andares no distrito. Ele deixou de receber pedidos da Shein e passou a vender diretamente pelas redes sociais.
Outras regiões, como Dongguan, também enfrentam dificuldades. Uma fábrica de bolsas local perdeu contratos com quatro clientes dos EUA, totalizando US$ 150 mil em perdas. “Fazer negócios com os Estados Unidos agora só traz riscos”, afirmou Liu Xiaodong, novo gestor da empresa, que agora aposta em mercados asiáticos, responsáveis por 80% do faturamento de US$ 3,4 milhões em 2024.
Embora as exportações chinesas para os EUA tenham subido 9% em março, a expectativa é de queda a partir de maio, com a aplicação de tarifas de até 145%. Em contrapartida, embarques para Ásia e Europa devem crescer, intensificando a concorrência por preços nesses mercados.