Ministro da Previdência foi alertado sobre fraudes no INSS, mas só agiu um ano depois

A Controladoria-Geral da União (CGU) e a Polícia Federal investigam o caso por meio da operação Sem Desconto.


O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, foi alertado sobre o aumento de denúncias de fraude nos descontos aplicados a benefícios de pensão e aposentadoria do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), mas levou cerca de um ano para adotar providências. O documento foi noticiado pela TV Globo.

Segundo ata da reunião do Conselho Nacional de Previdência Social, realizada em junho de 2023, Tonia Galleti, representante do Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), apresentou a denúncia ao ministro. A solicitação para inclusão do tema na pauta oficial foi rejeitada, pois os assuntos já haviam sido definidos, mas Galleti insistiu na necessidade de discutir os Acordos de Cooperação Técnica com entidades que realizavam descontos diretamente nos benefícios.

A sindicalista solicitou também a apresentação de dados sobre o número de entidades conveniadas, a evolução dos associados nos últimos 12 meses e uma proposta de regulamentação que assegurasse maior proteção aos beneficiários, ao INSS e aos órgãos de fiscalização.

O documento aponta que Carlos Lupi reconheceu a relevância da demanda, mas alegou a necessidade de um levantamento mais preciso. Na ocasião, determinou que o tema fosse incluído como prioridade na reunião seguinte, o que não ocorreu. A pauta só foi retomada em abril do ano passado.

Lupi afirmou que o INSS realizou auditorias internas para apurar os relatos de irregularidades, o que resultou na exoneração do então diretor de Benefícios, visando a identificação dos problemas e a adoção de medidas corretivas.

A Controladoria-Geral da União (CGU) e a Polícia Federal investigam o caso por meio da operação Sem Desconto, que identificou o desconto de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024 em benefícios previdenciários. Parte desse montante, cerca de R$ 2 bilhões, já foi apreendida de envolvidos, conforme informações da CGU.

O episódio também motivou a saída de Alessandro Stefanutto da presidência do INSS na última quarta-feira (23). Durante sua gestão, a fila de pedidos subiu de 1,7 milhão para 2 milhões, agravando a crise no setor.