O satélite russo Cosmos 2553, que autoridades norte-americanas suspeitam estar ligado ao desenvolvimento de armas nucleares antissatélite, aparenta estar girando descontroladamente, sugerindo falhas operacionais. Analistas indicam que o possível mau funcionamento representa um revés para os esforços militares espaciais da Rússia.
Lançado semanas antes da invasão da Ucrânia em 2022, o Cosmos 2553 seria um satélite de radar para inteligência e testes de radiação. Dados do radar Doppler da LeoLabs e registros ópticos da Slingshot Aerospace, compartilhados com a Reuters, mostram episódios de rotação errática em 2024. Segundo autoridades, embora o satélite não seja em si uma arma, ele auxiliaria no desenvolvimento de dispositivos capazes de neutralizar redes inteiras, como a Starlink da SpaceX, utilizada por tropas ucranianas.
Moscou nega a existência de um programa de armas nucleares espaciais e sustenta que o satélite é destinado à pesquisa. Contudo, o Cosmos 2553 permanece em uma órbita isolada, a cerca de 2.000 km da Terra, região com alta radiação cósmica evitada por satélites convencionais.
Em novembro de 2024, a LeoLabs detectou movimentos anômalos do satélite. Em dezembro, a empresa elevou sua análise para “alta confiança” de que o Cosmos 2553 havia perdido controle. “Esta observação sugere fortemente que o satélite não está mais operacional”, afirmou o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais dos EUA.
O Comando Espacial dos EUA confirmou alterações de altitude, mas não divulgou avaliações sobre seu estado atual. A Slingshot, por sua vez, observou variações no brilho do objeto, sugerindo possível queda, embora tenha relatado recentemente sinais de estabilização.
O Cosmos 2553 é um dos diversos satélites russos com suspeitas de ligação a programas militares. A Rússia considera o sistema Starlink um alvo legítimo, em razão de seu uso no campo de batalha. A crescente militarização do espaço por Rússia, China e EUA aumenta as preocupações sobre conflitos e a definição de alvos em futuros embates orbitais.