Lula ataca elite em discurso sobre educação e cita dados imprecisos sobre a escravidão

Em tom de ataque, Lula afirmou que as camadas mais ricas do país deveriam “ter vergonha” de não priorizarem a área educacional.


Durante a inauguração do novo campus da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Campos dos Goytacazes (RJ), na segunda-feira (15), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a elite brasileira e a falta de investimentos históricos na educação pública.

Ao lado do ministro da Educação, Camilo Santana, do deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) e do prefeito Wladimir Garotinho (sem partido), Lula afirmou que as camadas mais ricas do país deveriam “ter vergonha” de não priorizarem a área educacional. “Eu acho que a elite brasileira deveria se olhar no espelho e ter vergonha. Porque foi preciso um torneiro mecânico, sem diploma universitário, governar esse país para ser o presidente que mais criou universidades e institutos federais na história do Brasil”, declarou.

O petista destacou o atraso do país em avanços sociais e institucionais. “Esse país foi o último a acabar com a escravidão, o último a fazer a independência, o último a permitir o voto das mulheres e o último a ter uma universidade federal”, afirmou.

Entretanto, algumas das declarações de Lula carecem de precisão histórica. Embora o Brasil tenha sido o último país das Américas a abolir a escravidão, outros, como Mauritânia (1981) e Paquistão (1992), o fizeram posteriormente. O Sudão do Sul, por sua vez, tornou-se independente apenas em 2011. A Universidade Federal do Rio de Janeiro, considerada a primeira do país, foi criada em 1937 — antes de muitos outros países instituírem universidades públicas.

Durante o evento, Lula anunciou novas iniciativas para ampliar o acesso ao ensino superior. Entre elas, está a publicação de um edital voltado a cursinhos populares, que pretende beneficiar 5.200 alunos de baixa renda com auxílio permanência de R$ 200 mensais.

O novo campus da UFF recebeu investimento federal de R$ 72,4 milhões e busca fortalecer a presença do ensino público de qualidade no interior do estado do Rio.