O presidente Daniel Noboa foi reeleito no domingo (13) no segundo turno das eleições presidenciais do Equador, derrotando a candidata de esquerda Luisa González em uma disputa marcada por forte polarização e tensões relacionadas à crescente violência ligada ao narcotráfico.
Às 23h, com mais de 90% das urnas apuradas, Noboa obteve 56% dos votos válidos, superando González por 12 pontos percentuais. A participação popular alcançou cerca de 84% do eleitorado, conforme divulgado pela presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Diana Atamaint.
Apesar da expressiva diferença, González afirmou que não reconhece o resultado e que solicitará uma recontagem. “Recuso-me a acreditar que um povo preferiria mentiras em vez da verdade, violência em vez de paz e unidade”, declarou. “Vamos exigir uma recontagem e que abram as urnas.”
Em resposta, Atamaint afirmou que “devemos rejeitar firmemente a narrativa de fraude. As acusações infundadas não só prejudicam esta instituição, mas também a confiança na nossa própria democracia”.
A eleição transcorreu sem incidentes de segurança, embora o clima tenha sido tenso. No sábado (12), Noboa decretou estado de exceção por 60 dias em sete províncias, além de Quito e do sistema prisional, em razão da ameaça representada pelo narcotráfico. No mesmo dia, González denunciou a substituição de sua equipe de segurança, classificada por ela como um ato irresponsável. O Ministério da Defesa assegurou a qualificação dos novos agentes.
Noboa, empresário de 37 anos e herdeiro de um império bananeiro, concorreu pela Ação Democrática Nacional (ADN). Ele assumiu o poder em 2023 após eleições extraordinárias e agora buscará um mandato completo de quatro anos. González, advogada de 47 anos do partido Revolução Cidadã, tentava se tornar a primeira mulher eleita presidente do país.
O Equador enfrenta uma grave crise de segurança. Em 2023, o país registrou 47 homicídios por 100 mil habitantes — a maior taxa da América Latina, segundo a organização Insight Crime. Apesar de uma leve queda em 2024, os índices de violência continuam alarmantes. Mais de 30 autoridades e políticos foram assassinados desde 2023, em meio à expansão do narcotráfico.
No campo econômico, os candidatos apresentaram propostas opostas. Noboa defende políticas neoliberais e já solicitou apoio militar internacional, inclusive dos EUA. González, por sua vez, propõe um Estado mais robusto e inclusivo, alinhado ao legado do ex-presidente Rafael Correa, atualmente exilado na Bélgica.