Fala de Gleisi sobre anistia revolta ministros do STF: “loucura”

Integrantes do Planalto também criticaram Gleisi.


A declaração da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), sobre anistia a envolvidos nos atos de 8 de janeiro gerou forte reação entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A fala, feita na quinta-feira (10), foi interpretada como sinal de que o governo estaria disposto a negociar penas para evitar a aprovação do projeto de anistia, defendido pela oposição.

“Falar sobre anistia ou mediação de pena em relação a algumas pessoas do 8 de janeiro eu acho que é defensável do ponto de vista de alguns parlamentares”, disse Gleisi. “Acho que a gente até pode fazer essa discussão no Congresso.”

Apesar disso, ela enfatizou ser contra o projeto atual por entender que ele pode favorecer Jair Bolsonaro (PL) e generais envolvidos na suposta tentativa de golpe. “O que está ali são os responsáveis. Isso não pode acontecer jamais.”

Para ministros do STF, o comentário sugere que o governo teme a articulação da oposição, que alcançou os 257 votos necessários para aprovar a urgência do projeto, permitindo sua votação direta em Plenário.

“Loucura (…) O governo não tinha que piscar, não”, disse um ministro ao Portal G1. “Não é papel deles discutir a anistia.” Outro avaliou que o governo faz “jogo Hugo Motta”, presidente da Câmara, pressionado por bolsonaristas.

Um terceiro ministro acredita que Lula é sensível ao tema por sua experiência pessoal com a prisão. Ele vê aprovação provável na Câmara, incerteza no Senado e possível intervenção do STF.

Integrantes do Planalto também criticaram Gleisi. “A frase dela não tem sentido”, disseram, ressaltando que penas são atribuição do Judiciário.

Nesta sexta-feira (11), a ministra recuou: “Fiz uma fala mal colocada. Não tem anistia nenhuma, como quer Bolsonaro.” Segundo ela, cabe ao Congresso “mediar com o Judiciário”, mas não revisar penas.