A Austrália recusou, nesta quinta-feira (10), a proposta do governo chinês para uma ação conjunta contra as tarifas impostas pelos Estados Unidos. O vice-primeiro-ministro Richard Marles afirmou que Canberra seguirá com seu plano de diversificar suas relações comerciais e reduzir a dependência da China, seu maior parceiro econômico.
“Não vamos ficar de mãos dadas com a China em relação a nenhuma disputa que esteja acontecendo no mundo”, declarou Marles à Sky News, em resposta ao pedido do embaixador chinês Xiao Qian para que os dois países “deem as mãos” diante das tensões comerciais.
Segundo o vice-primeiro-ministro, o foco australiano está nos próprios interesses nacionais. “Estamos perseguindo os interesses da Austrália e diversificando nosso comércio ao redor do mundo”, acrescentou, citando como prioridades o fortalecimento de laços com a União Europeia, Índia, Indonésia, Reino Unido e o Oriente Médio.
Em artigo publicado no jornal The Age, o embaixador chinês sugeriu que a Austrália colaborasse com Pequim na defesa do sistema multilateral de comércio, alegando que “a China está pronta para unir forças com a Austrália e a comunidade internacional para responder em conjunto às mudanças do mundo”.
A proposta surge em meio à escalada das tensões entre China e Estados Unidos. Em uma decisão inesperada, o presidente americano, Donald Trump, anunciou a redução temporária de tarifas para diversos países, mas manteve sua pressão sobre Pequim, aumentando a tarifa sobre produtos chineses de 104% para 125%.
Esse cenário amplia os riscos para a Austrália, que destina cerca de um terço de suas exportações à China, enquanto os EUA representam menos de 5% do total. O banco central australiano alertou para possíveis impactos negativos na confiança dos investidores e nos gastos das famílias.
Trump também impôs uma tarifa unilateral de 10% sobre os produtos australianos — a menor entre as medidas aplicadas. O primeiro-ministro Anthony Albanese reagiu dizendo que a decisão “não tem nenhuma base lógica”, mas afirmou que seu governo não adotará medidas retaliatórias.