Denúncia aponta que Meta colaborou secretamente com China para desenvolver IA avançada

Segundo o testemunho, os líderes da Meta agiram em segredo para ganhar o favor do governo chinês e estabelecer um negócio avaliado em US$ 18 bilhões no país.


Uma ex-executiva da Meta acusou nesta quarta-feira (9) o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, e outros dirigentes da empresa de mentirem ao Congresso dos Estados Unidos, enquanto a companhia colaborava ativamente com a China no desenvolvimento de tecnologias de inteligência artificial, com o objetivo de agradar o regime de Pequim.

Sarah Wynn-Williams, autora do livro de memórias Careless People, prestou depoimento à Subcomissão Judiciária do Senado sobre Crime e Contraterrorismo, relatando que presenciou Zuckerberg e outros executivos “repetidamente minando a segurança nacional dos EUA e traindo os valores americanos”, conforme publicou o jornal New York Post.

Wynn-Williams exerceu o cargo de diretora de Políticas Públicas Globais no Facebook, atualmente Meta, por quase sete anos, a partir de 2011. Em sua fala, ela declarou que os executivos da empresa “faziam essas coisas em segredo para ganhar o favor de Pequim e construir um negócio de US$ 18 bilhões na China”. Segundo seu testemunho, a Meta teria contribuído para o avanço da inteligência artificial chinesa com o intuito de superar concorrentes norte-americanos. “Estamos envolvidos em uma corrida armamentista de IA de alto risco contra a China e, durante meu tempo na Meta, os executivos da empresa mentiram sobre o que estavam fazendo com o Partido Comunista Chinês para funcionários, acionistas, Congresso e o público americano”, afirmou em sua declaração de abertura.

Apesar das tentativas da Meta de descredibilizar seu trabalho e impedir sua exposição pública, Careless People chegou ao top 10 dos livros mais vendidos da Amazon.

Em nota à Fox News, um porta-voz da Meta afirmou que o depoimento de Wynn-Williams estava “distanciado da realidade e repleto de alegações falsas”.

“Embora o próprio Mark Zuckerberg tenha expressado publicamente nosso interesse em oferecer nossos serviços na China e os detalhes tenham sido amplamente divulgados há mais de uma década, o fato é este: não operamos nossos serviços na China atualmente”, declarou a empresa.

Wynn-Williams alegou, ainda, que o modelo de IA da Meta “contribuiu significativamente para os avanços chineses em tecnologias de IA como o DeepSeek”. A ex-diretora também mencionou a exclusão da conta do Facebook do bilionário dissidente Guo Wengui, residente nos Estados Unidos, supostamente em resposta a pressões do governo chinês.

A Meta justificou a remoção com base na violação das regras da plataforma, alegando que Guo teria compartilhado informações pessoais confidenciais de terceiros.

“O maior truque que Mark Zuckerberg já fez foi enrolar a bandeira americana em volta do corpo, se autodenominar patriota e dizer que não oferecia serviços na China enquanto passava a última década construindo um negócio de US$ 18 bilhões lá”, declarou Wynn-Williams.

Segundo seu testemunho, “a Meta começou a informar o Partido Comunista Chinês já em 2015” e esses “informes se concentraram em tecnologias emergentes críticas, incluindo inteligência artificial”. Ela completou: “E ele continua a enrolar a bandeira em volta de si enquanto avançamos para a próxima era da inteligência artificial”.

Além das supostas aproximações com o regime chinês, Zuckerberg e outros executivos também teriam buscado melhorar a relação com o presidente dos EUA, Donald Trump, após sua vitória eleitoral em novembro do ano passado.

“Este é um homem que usa muitas fantasias diferentes”, afirmou Wynn-Williams sobre Zuckerberg durante a audiência. “Quando eu estava lá, ele queria que o presidente da China desse o nome ao seu primeiro filho, estava aprendendo mandarim e censurando à vontade.”

A ex-executiva concluiu dizendo que o CEO da Meta está, atualmente, concentrado em manter contatos influentes. “Não sabemos qual será a próxima fantasia, mas será algo diferente”, disse. “É o que o deixar mais perto do poder.”

A audiência ocorreu poucos dias antes de a Meta enfrentar um julgamento por supostas violações das leis antitruste nos EUA.