China censura termos sobre tarifas dos EUA nas redes sociais chinesas

Diversas postagens de empresas chinesas que relatavam os prejuízos causados pelas tarifas de Trump foram removidas por “violarem regulamentos”.


A China começou a censurar conteúdos relacionados a tarifas comerciais nas redes sociais nesta quarta-feira (9), após a entrada em vigor de tarifas “recíprocas” impostas pelos Estados Unidos a dezenas de países. As novas taxas incluem um aumento expressivo de 104% sobre determinados produtos chineses. Em meio à censura, postagens críticas aos EUA se destacaram como as mais visualizadas nas plataformas chinesas.

Termos como “tarifa” e “104” foram bloqueados em buscas e hashtags na rede social Weibo, com os resultados redirecionando para mensagens de erro. Por outro lado, hashtags ironizando os EUA ganharam tração. Entre as mais vistas, destacou-se a promovida pela emissora estatal CCTV:

“#UShastradewarandaneggshortage”, que sugere uma escassez de ovos no país norte-americano.

A CCTV também acusou Washington de hipocrisia comercial. “Os EUA agitam ostensivamente a vara tarifária contra o aço e o alumínio da UE, enquanto, em voz baixa, enviam cartas urgentes a países europeus pedindo ovos”, afirmou a emissora em uma publicação.

A censura se estendeu ao WeChat, onde diversas postagens de empresas chinesas sobre os impactos negativos das tarifas de Donald Trump foram removidas. Segundo análise da agência Reuters, essas postagens foram marcadas com o aviso de que “o conteúdo violava leis, regulamentos ou políticas relevantes”.

Embora Pequim tenha anunciado medidas tarifárias de retaliação, as autoridades chinesas também têm incentivado narrativas nacionalistas e comentários irônicos nas redes, retratando os EUA como um parceiro comercial irresponsável. A China prepara-se para o que pode ser uma intensificação da disputa comercial com os Estados Unidos, a maior economia mundial.

Dentro da estratégia de controle informacional, o país mantém o chamado “Grande Firewall”, sistema que restringe o acesso a redes sociais estrangeiras como Instagram e X (antigo Twitter), promovendo alternativas nacionais como Weibo e WeChat.

O advogado Pang Jiulin, influente no Weibo com mais de 10,5 milhões de seguidores, afirmou que países como Vietnã e Índia devem rapidamente substituir a China nas exportações aos EUA. Segundo ele, a China está sendo forçada a reagir. “Se também elevarmos tarifas a 104%, os preços de produtos americanos como Apple e Tesla irão disparar, e os consumidores chineses pagarão mais caro por seus itens favoritos.”

Embora retaliar com tarifas possa ter impacto limitado — dado que a China exporta cerca de três vezes mais aos EUA do que importa — analistas afirmam que o país pode considerar essa medida inevitável, apostando em sua maior resiliência política e econômica.

Na segunda-feira, o índice acionário de Xangai registrou queda de 7%, seu pior desempenho em cinco anos. Entretanto, houve recuperação na quarta-feira, impulsionada por promessas de apoio do governo ao mercado interno.

O comentarista político Hu Xijin criticou duramente os EUA. “A equipe de Trump está delirando. Eles estão em guerra com o mundo e com as regras básicas da sociedade. Suas tarifas recíprocas serão lembradas como símbolo de vergonha histórica.”


Censura reforçada em meio à tensão comercial com os EUA

Após a entrada em vigor de tarifas “recíprocas” dos Estados Unidos sobre dezenas de países — com destaque para os 104% sobre produtos chineses —, a China passou a censurar buscas e hashtags relacionadas ao tema em suas redes sociais. Termos como “tarifa” e “104” foram bloqueados em plataformas como Weibo e WeChat, impedindo discussões públicas sobre os impactos econômicos das medidas americanas.

China manipula narrativa pública com críticas direcionadas aos EUA

Enquanto restringe críticas internas ou análises que possam prejudicar a imagem do governo, a China permite a proliferação de conteúdos que ridicularizam os Estados Unidos. Hashtags como “#UShastradewarandaneggshortage”, criadas pela emissora estatal CCTV, viralizaram ao sugerirem que os EUA enfrentam escassez de ovos, numa tentativa de desviar o foco das perdas econômicas internas e reforçar um discurso nacionalista.

Regime repressivo amplia controle da informação para manter estabilidade interna

A repressão informacional se insere num contexto mais amplo do autoritarismo chinês, onde o Partido Comunista controla rigidamente o acesso à informação. O país vive sob o “Grande Firewall”, que bloqueia redes sociais estrangeiras como Instagram e X (antigo Twitter) e censura postagens consideradas prejudiciais aos “interesses nacionais”. O objetivo é moldar a opinião pública e evitar instabilidade social diante de desafios econômicos.

Reações públicas controladas contrastam com impactos reais sobre empresas e mercados

Diversas postagens de empresas chinesas que relatavam os prejuízos causados pelas tarifas de Trump foram removidas por “violarem regulamentos”. Enquanto isso, o mercado acionário chinês sofreu forte queda no início da semana, com o índice de Xangai registrando seu pior desempenho em cinco anos. Pequim respondeu prometendo apoio estatal aos mercados, em uma tentativa de conter o pessimismo.

China se prepara para disputa prolongada, mesmo em posição vulnerável

Apesar de exportar cerca de três vezes mais aos EUA do que importa, o governo chinês sinaliza disposição para intensificar a disputa comercial. Figuras públicas influentes, como o advogado Pang Jiulin e o comentarista Hu Xijin, defenderam uma resposta firme. Hu chegou a dizer que a política tarifária americana será lembrada como um “pilar da vergonha”. Ainda assim, analistas destacam que a retaliação chinesa pode ser mais simbólica do que eficaz, diante da dependência comercial com os EUA.