Os mercados acionários asiáticos registraram fortes quedas nesta segunda-feira (7), horário local, impulsionados por crescentes temores de uma guerra comercial global e pela perspectiva de uma recessão econômica, o que levou os investidores a apostarem em cortes nas taxas de juros nos Estados Unidos ainda neste semestre.
Os contratos futuros dos índices de Wall Street despencaram, refletindo um movimento agressivo de precificação de cortes de juros que somam quase cinco reduções de 0,25 ponto percentual ao longo de 2025. Essa expectativa provocou queda nos rendimentos dos títulos do Tesouro e enfraqueceu o dólar.
A pressão sobre os mercados se intensificou diante da postura inflexível da Casa Branca, que reiterou seu compromisso com as tarifas comerciais, enquanto a China respondeu com medidas retaliatórias sobre produtos americanos. O presidente dos EUA, Donald Trump, declarou que os mercados “precisam tomar seu remédio” e que não fechará acordo com Pequim até que o déficit comercial dos EUA seja resolvido.
Analistas esperavam que o impacto econômico negativo e a perda de trilhões de dólares em valor de mercado levassem o governo norte-americano a reconsiderar sua estratégia. Bruce Kasman, economista-chefe do JPMorgan, alertou que a continuidade dessas políticas pode levar a uma recessão global, estimando o risco de desaceleração em 60%. Segundo ele, o Federal Reserve poderá iniciar cortes nas taxas de juros já em junho, com reduções sucessivas até janeiro, levando a taxa de fundos para 3,0%.
Os futuros do S&P 500 recuaram 4,31% e os do Nasdaq 5,45%, ampliando as perdas de quase US$ 6 trilhões da semana anterior. O índice Nikkei, do Japão, desabou 7,8%, atingindo os níveis mais baixos desde o final de 2023, enquanto o índice sul-coreano Kospi recuou 4,6%.
Às 22h45, pelo horário de Brasília, de domingo (6), as bolsas chinesas despencavam. O índice Shanghai Composite caía 6,58%, o SZSE caía 5,48%, o índice DJ Shanghai despencava 6,78% e o índice de Hong Kong tombava 10,10%.
Na Bolsa de Hong Kong, as perdas foram generalizadas, com destaque para os setores de materiais básicos, saúde, bens de consumo cíclicos e tecnologia.
O Índice de Tecnologia Hang Seng recuou expressivos 12,11%.
Entre os principais desempenhos negativos do índice destacaram-se as ações da Sunny Optical Technology Group, com queda de 17,16%; da BYD Electronic International, que recuou 16,85%; e da Lenovo Group, que registrou perda de 16,58%.
Em Taiwan, o índice de referência Taiex caiu 9,62%, atingindo 19.249,82 pontos às 9h37 no horário local — o menor patamar desde março de 2024.
A retração foi ampla, com quedas nos principais setores, especialmente materiais básicos, tecnologia, energia e bens de consumo cíclicos.
Com a piora nas projeções de crescimento global, os preços do petróleo continuaram em queda. O Brent caiu US$ 2,12, sendo negociado a US$ 63,46, e o petróleo dos EUA recuou US$ 2,05, a US$ 59,94 por barril.
A busca por ativos seguros impulsionou os futuros dos títulos do Tesouro, que subiram um ponto percentual, algo raro nas negociações asiáticas. Os futuros dos fundos do Fed passaram a precificar um corte adicional de 0,25 ponto percentual ainda este ano, com 63% de probabilidade de redução já em maio.
Os rendimentos dos Treasuries de 10 anos caíram 10 pontos-base, a 3,897%. Até o ouro foi atingido pela liquidação generalizada, recuando 0,7% para US$ 3.013 a onça. Corretores sugerem que a realização de lucros pode estar ocorrendo para cobrir perdas em outros ativos, o que pode acelerar uma liquidação em cadeia.